Bem-vindos a mais um MTG101! Hoje vamos dar um tempo de falar sobre o jogo em linhas gerais, por que eu quero focar em algo bastante específico: um card. Artigos como “Otimizando Capturar Pensamento” do Rudá e “Thoughtseize You” do Reid Duke trazem essa temática, falando do uso, das dores e delícias de Thoughtseize. 

No artigo de hoje, teremos algo parecido, com um dos melhores cards do jogo, uma staple multiformato e um dos cards que aprendi a respeitar mais recentemente. Senhoras e senhores, o “outro lado” de Thoughtseize - Gitaxian Probe! 

Modern, Legacy, Vintage, Commander, Pauper. Você diz um formato, e a Gitaxian Probe existe lá. Por que essa dominância tão grande? O que faz Gitaxian Probe diferente de Peek, Telepathy ou Venarian Glimmer (Ok, agora eu assumo que fui longe)? Para falar sobre o card, vou dividí-lo em suas partes, e depois tentaremos falar sobre o todo, explicando mais detalhes sobre ele conforme formos avançando. 

Apesar de o nome não ser tão relevante para as regras, a primeira grande diferença entre Gitaxian Probe e seus análogos está na mesma linha: o custo de mana. Para quem não conhece, o símbolo acima foi nos apresentado em Nova Phyrexia como uma mecânica nova, que permitia acesso a efeitos de fora das cores do seu baralho. Você poderia usar Gitaxian Probe  em qualquer baralho, independente de cor, mesmo sendo uma mágica azul, com efeito azul. Como isso?

Esse tipo de redução no custo de mana (no caso, trocando mana por pontos de vida) é conhecido como “mana virtual”, no sentido de que existe um custo de mana, porém podemos pagá-lo de outras formas, geralmente mais vantajosas. 

Tempo, nesse caso, é o nome do jogo. O ganho em Tempo ao se conjurar uma mágica “de graça”, ou pela metade do preço é muito mais desejável que a perda de vida, o que acaba favorecendo o uso de cards como Apostle's Blessing e Mutagenic Growth frente a suas contrapartes que exigem um pagamento em mana “de verdadinha”.

Porém, o que isso significa? Significa que um card como Gitaxian Probe  exige um deck que, ao contrário dos decks que utilizam Thoughtseize, quer acabar com o jogo ainda no early game. Thoughtseize é um card que foi criado pensando em “atrapalhar” o early game e enrolar até o midgame, onde os tipos de baralhos que o utilizam se sobressaem devido à qualidade individual e constante de suas cartas.

No mid e lategame, o valor de seus pontos de vida começa a aumentar bastante, ao contrário dos primeiros turnos, onde ele é relativamente constante, o que acaba por mitigar o efeito negativo da Mana Phyrexiana. Nos primeiros turnos, também, qualidade geral das cartas não importa muito, desde que se tenha uma estratégia focal e não se “pise” fora dela. 

Dessa forma, decks Control e Midrange, conhecidos por sua preferência em levar o jogo para seus estágios finais, não seriam a melhor das casas para um card como esse, ao contrário de decks Aggro e Combo. 

Esse é o efeito “principal” do card. É, como se pode supor pelo seu custo de mana, um efeito menor. Sendo radical, em termos de jogo, pode-se dizer que Gitaxian Probe “não faz nada”. Não manipula o grimório, como Ponder ou Brainstorm, não interfere no plano de jogo do oponente, como Inquisition of Kozilek, não apresenta uma ameaça, como Chatter of the Squirrel . Porém, o que ela oferece é algo que não pode ser medido em Tempo ou Card Advantage, embora seja uma das coisas mais importantes para o jogo: Informação. 

É difícil teorizar sobre o quanto vale Informação em uma partida de Magic, mas pode ter certeza de que esse é um valor não-é igual a zero. Cada jogador pode aproveitar ou deixar de aproveitar a informação de uma forma, e um mesmo jogador pode explorar a informação obtida em mais de uma forma. Você pode ver se “a barra está limpa” antes de combar, calcular quantas cartas “vivas” seu oponente pode comprar para sair de uma situação antes de passar um turno, calcular um plano de jogo baseado no arquétipo e cards da mão do oponente, entre muitas outras coisas. 

O ponto é: O que você quer que sua Gitaxian Probe faça? Pela flexibilidade, tanto do card quanto do efeito, podemos listar diversas situações de quando é melhor ou pior, ou de que forma aproveitar ao máximo essa cantripzinha marota.  

Buscando Conhecimento

Quando queremos informação, assim como com descartes, queremos saber do que estamos atrás. Queremos saber do que o oponente está jogando? Manda Gitaxian no turno 1, de preferência quando está no play. Queremos saber se ele tem card X? Jogamos logo antes de essa informação ser relevante. 

Assim como com Thoughtseize e similares, quanto mais pudermos adiar uma Gitaxian Probe, melhor. Isso parece contradizer o que eu disse com relação à Gitaxian Probe ser melhor no early game e eu concordo apenas parcialmente. Além de reunir informação, esse card possui outras funções que abordarei mais pra frente. 

Por ora, basta saber que, apesar da similaridade com Thoughtseize, Gitaxian Probe nunca é um topdeck ruim, uma vez que em vez de precisarmos de um oponente com cards na mão para que ela seja relevante (o que pode não acontecer no lategame), você pode simplesmente comprar um card novinho e seguir com a vida. 

Gitaxian Probe brilha mais contra decks com diversas mágicas diferentes, ou mágicas similares, mas com restrições diferentes. Contra decks de controle, você aprende em volta do que jogar, se deve tentar puxar uma remoção ou um anula, se deve deixar 3 manas em pé contra um Mana Leak, ou poder pagar 2x o custo da mágica contra Remand, se é seguro atacar com um terreno, no caso do Infect, ou se existe um Spell Snare reservado para seu Manamorphose, com um Storm. 

Por outro lado, contra decks como o Burn, onde toda carta diz “Essa carta causa uma quantidade de dano ao jogador alvo - e às vezes aos dois jogadores”, Gitaxian Probe acaba se tornando um fardo. E não é nem pelos pontos de vida. Todos os cards são a mesmíssima coisa, então por que aprender o que já sabemos? 

Minha recomendação é a seguinte: Procure utilizar Gitaxian Probe quando for esperar por interações. Quando cada um dos jogadores quer fazer sua própria coisa, preocupe-se em fazer essa coisa e não em saber se o oponente está fazendo a dele. 

A pior coisa que se pode fazer é uma Gitaxian Probe só por fazer. Quero dizer, você terá acesso aos conteúdos da mão do seu oponente de qualquer forma, e pode fazer dessa informação o uso que achar melhor, mas esse feitiço é muito melhor quando já temos um destino para ele em mente.

Além de reunir informação, Gitaxian Probe, quando adiada, tem outra função interessante. Essa situação aconteceu em um PPTQ do qual participei. Era o Game 2 de uma partida e meu oponente, jogando de BW tokens fez, no terceiro turno, um Inquisition of Kozilek em mim, que estava de Infect. Ele viu o seguinte:

Eu já tinha feito um elfo a partir de um Pendelhaven no turno 1, e ele não o matou. Simplesmente aniquilou minha mão com descartes e rezou pra ser o suficiente até ele resolver algo pra se defender. Perdi o @might o, obviamente, e ele passou de volta. 

Comprei algo sem relevância e fiz gitaxian. A mão do oponente:

Logo após pensar que eu havia perdido o jogo, comprei o card da Gitaxian Probe:

Agora existia uma chance. Se meu oponente não comprasse uma fonte branca ou errasse na hora de sequenciar suas mágicas, eu ainda estaria vivo e muito bem posicionado no jogo. 

Dito e feito. Ele fez Spectral Procession, que encontrou o Spell Pierce e o resto é história. 

O que aconteceu aqui é que, como eu não havia feito Gitaxian Probe, quando minha mão foi revelada, o oponente viu o seguinte, na realidade:

Ah, te peguei direitinho, agora!!! Uhuhuhuhuuuu!!!

Ele não acreditou que um card aleatório do meu baralho valesse um Duress, apenas as mágicas de “pump”, que o fariam perder mais rápido. Assim, qualquer token com Voar que ele fizesse, garantiriam o jogo até eu comprar alguma forma de jogar em volta disso. Além de a Gitaxian Probe servir para “blefar” que eu estava atrás de algum card do meu baralho (e estava!), não conjurar nenhuma mágica fez ele crer que estava seguro, e isso custou à ele o jogo. 

Gitaxian Probe  é muito bom contra baralhos que utilizam Descartes, como forma de misturar a informação que o oponente tem, que de outra forma seria perfeita. Ainda estou para encontrar um oponente que faça descartar Gitaxian Probe quando ela não é a última carta da minha mão.

Naturalmente, como no exemplo acima, o card é bom quando você utiliza counterspells condicionais. Conhecer o terreno onde se está pisando, e quando suas Contramágicas estão vivas ou não, é vencer metade da batalha. 

Por último, mas não menos importante, Gitaxian Probe é um feitiço. O que, num primeiro momento, parece uma desvantagem, acaba sendo vantajoso em muitas situações. 

Cards com Delve, e cards que se importam com os tipos de card que você tem no seu grimório, ou cemitério, combinam com Gitaxian Probe, assim como queijo combina com pasta de amendoim (serião, já comeu? É uma delícia!). Como o card foi feito, ele consegue “dobrar” as regras de deckbuilding ao se repor. Para as mágicas com Delve, ele diz “Pague 2 pontos de vida: Adicione {1} à sua reserva de mana”, e para quando seu tipo é relevante, ele normalmente é relevante de graça, no sentido de que, ao se repor, ele não ocupa um espaço que deveria ser de outro card. 

Outro espaço onde começaram a dar importância aos tipos de card que se utiliza é junto à Grim Flayer, e a turma do Delirium. Grim Flayer começou a ser utilizado junto à Tarmogoyf e Liliana of the Veil no Jund, e acredito que possa ser questão de tempo até vermos a mecânica sendo explorada além do Midrange.

Até lá, continuarei tentando ver se você tem Terminate antes de ativar minha Blinkmoth Nexus, e se segura, meus Dispel para seus Path to Exile. Vejo vocês em breve!

Dispensados!