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Contos Coexistentes
Kaya – Capítulo III - Final
27/02/2017 10:21 - 1.493 visualizações - 0 comentários
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    Salve WebWalkers! Chegamos à parte final da minha Fanfic da saga de Kaya em Ravnica. Descubra o desfecho do enfrentamento contra o Obzedat. Para acompanhar desde o começo acesse o capítulo 1 aqui, e o capítulo 2 aqui.

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    Alguns dias se passaram desde que Kaya havia sido capturada por Teysa Karlov, mas logo depois solta. Não era um seqüestro de fato, foi apenas um jeito seguro para que a Madame Karlov pudesse se comunicar com Kaya, seguro somente para ela, é claro. Pois o cérebro da planeswalker quase fritou naquele dia.


    Foi então que Kaya entendeu que tudo fora um teste: testaram sua fidelidade em cumprir o contrato e assassinar os alvos fantasmais, testaram suas habilidades, testaram sua força e resistência... enfim, tudo parte de um plano maior para ver se ela estaria apta a acompanhar Teysa em seu ranço pessoal contra o Conselho do Obzedat. Ela odiou ser testada!
 

    Porém a assassina estaria diante de um de seus maiores desafios profissionais até hoje, nada comparado com Brago, por exemplo, onde o antigo rei nem demonstrou resistência. Já o Conselho é formado por monstros, monstros desencarnados que se alimentam da energia vital de outros seres. 
 

E mesmo com o esclarecimento de Teysa em seus motivos, o pagamento surreal que receberá, e os próprios ideais de Kaya no que tange vida-morte, ela ainda pensou várias e várias vezes antes de aceitar o trabalho. Mas por fim somando desafio, uma recompensa gordíssima, e despachar mortos nojentos que se acham no direito de manipular e governar os vivos... é, topou.
 

    Desde então Teysa vem trabalhando em seu plano com Kaya, encontrando-a em zonas diferentes cada vez, às vezes retornando para algumas, mas em casas ou apartamentos distintos, sempre mandando um mensageiro para acompanhar a contratada até o local onde estaria a contratante. Sendo fornecido, a cada encontro, uma parte das plantas da Igreja Orzhov a fim de serem estudadas, além de informações adicionais sobre o plano, os poderes do Conselho, como se defender dele, etc... Nisso foram mais dois meses.

 

    Kaya agora estudava as estruturas ocultas da Igreja, onde somente a linhagem sanguínea do conselho tem acesso, e não existem plantas. Foi a própria Teysa quem desenhou essas para os estudos, com base no que conseguiu adentrar e memorizar sem ser interrompida pelos seus descendentes fétidos espectrais. Portanto alguns espaços vazios, entre outros “erros”, eram notáveis, além de acessos que não estavam claros se levariam a mais câmaras e salas, ou seja, mais lugares e passagens secretas dentro de um grande salão já secreto. A tensão nos ombros de Kaya se fez presente após longas horas de estudo, e ela decidiu ia até a varanda para tomar um ar de fim de tarde.


    Do último edifício onde se encontrara com Teysa, no sexagésimo andar de uma torre utilizada para habitação de grande parcela mais abastada, Kaya ia observando o céu meio poluído de Ravnica passar do azul para o laranja, prometendo chegar no azul profundo da noite. Ao longe alguns dragonetes voavam, em direção ao sol poente. Olhou para baixo, seres dos mais diversos tipos eram apenas pontos que iam aos poucos sendo engolidos pela noite e ao mesmo tempo sendo contornados pelas luzes artificiais das ruas. 

 

 

    O mundo urbanizado, o vento energizado de mana, a agitação, os barulhos constantes... tudo fazia com que ela se lembrasse de seu mundo natal, o que não era uma memória desejada. Tratou de afastar logo o pensamento: “Preciso sair daqui um pouco”. Foi juntando mana durante alguns minutos, e...

 

    “Senhorita Kaya?!” Uma voz masculina ao fundo, abrindo a porta, a interrompeu bem na hora. Virou-se para ver, era o fidalgo mascarado que na verdade trabalhava para Teysa. “A Madame quer vê-la, agora. Em outro apartamento, acompanhe-me por favor.”
 

    “Droga... essa mulher não dá um tempo.” Pensou enquanto ia juntando todo material para seguir o fidalgo.
 

    Alguns andares para cima, uma nova porta, um aposento, e Teysa sentada em uma poltrona acariciando sua bengala.
 

    “Olá Kaya. Sente-se.” A recebeu Teysa Karlov.
 

    “Quantos apartamentos aqui são seus? Quase todos? Todos?” Disse Kaya visivelmente irritada.
 

    “Muitos. Qual o problema?” rebateu Karlov.
 

    “Eu estava estudando, não gosto de ser interrompida. Você tem noção quantas informações eu tenho que gravar em alguns dias? Enquanto você conhece tudo pela sua própria vida? Não gosto de ser interrompida abruptamente, além disso eu quero ter o mínimo de privacidade sem ninguém simplesmente abrindo minha p...”
 

    “Depois de amanhã!” interrompeu firmemente Teysa. “Esteja pronta.”
 

    “Quê?!” A irritação dela aumentou, acabara de mencionar que não gostava de ser interrompida abruptamente. “COMO ASSIM DEPOIS DE AMANHÃ?!?! Dê um BBOOMM motivo para eu não desistir desse plano estúpido agora!”
 

    “Acalme-se, eu imagino que a tensão esteja te deixando estressada e preocupada. Porém depois amanhã é um dia que o Conselho estará com suas forças reduzidas, tanto espirituais quanto de exército.” Cruzou as pernas para o outro lado e a encarou.
 

    “Então o Obzedat estará fraco, bom saber.” Acalmou-se um pouco.
 

    “Eu não disse fraco, disse com força reduzida. Não os subestimes, eu já cai nesse erro.” Disse, e nessa hora Kaya notou que, brevemente, seus olhos revelaram distância. Mas só por um segundo, logo Teysa voltou ao foco e à rigidez. “O dia é estratégico, pois é quando eles se recolhem para firmar os laços com seus corpos mumificados. Tratarei de te chamar na madrugada de amanhã, nos preparamos e atacamos durante a luz do dia seguinte. Lembra do plano básico?”
 

    “Sim.” Respondeu menos incomodada agora.
 

    “Então até amanhã, pela madrugada.” Karlov levantou-se e saiu, mancando com sua bengala, por conta da perna debilitada, porém com a elegância demandada de uma nobre.
 

    “Hum... até...” E ficou sozinha Kaya.
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A bruma da madrugada era densa no portão Orzhov. Kaya esperava num ponto neutro, conforme combinado com Teyza, onde era possível se ter uma visão panorâmica das construções que formavam a grande Igreja.


“Como era mesmo o ditado daqui?” pensou “Na Igreja Orzhov reza-se antes de entrar? Ou algo assim...” e se perdeu um pouco em seus devaneios. 
 

“Distraída?” veio uma voz familiar de algum lugar “Aqui, canto esquerdo abaixo.” Kaya virou-se e viu parte da cabeça de Teysa por entre uma brecha gradeada de um duto. “Acompanhe-me. Você não terá problema em atravessar essas barras.”
 

Óbvio que não. Kaya assumiu sua forma espectral e atravessou a parede do duto abaixo dela. O corredor não tinha iluminação, Teysa estava sozinha carregando uma lanterna não muito forte em uma mão e sua bengala na outra.
 

“Vamos seguir esses dutos e cair direto numa das câmaras mais próximas à privada pelo sangue familiar. Até lá já terminou de amanhecer e eles de se recolherem.” Explicou a nobre, e prosseguiu. “Nesse meio tempo boa parte da guarda também já foi despachada por ordens minhas, arranjei alguns serviços para eles.”
 

    “Ok.” E Kaya a acompanhou.
 

    Foram quase duas horas de caminhada lenta e cheia de curvas, idas e vindas, até que a assassina percebeu uma pequena mudança energética no ambiente, e deixou-se assumir uma postura mais alerta.
 

    “Então você percebeu?” Perguntou retoricamente Teysa ao notar a nova postura de Kaya. “Estamos chegando no salão privado, aqui as leis Orzhov superam até as leis do Pacto das Guildas, portanto fique bem alerta mesmo.” Ao falar essas palavras, ela foi mexendo em um bolso lateral de sua roupa, até que tirou um diamante quase do tamanho de sua mão. “Tome isto, te ajudará na absorção do mana deles, porém tem uso limitado.”


    “Lindo!” exclamou Kaya enquanto o examinava. “É realmente uma peça única! Dá pra sentir sua força, e sua delicadeza também. Possui nome?”
 

    “Diamante-olho-de-Leão. Uma gema mítica capaz de absorver e canalizar mana, porém se desintegra quando levada ao extremo, o que provavelmente acontecerá hoje.” Então virou-se, e olhou firmemente nos olhos de quem o fim do Obzedat prometia. “Saiba exatamente a hora de usá-lo. Nossa vitória, e a sua vida provavelmente dependem disso.”
 

    “Minha vitória depende de tudo o que eu puder usar.” rebateu Kaya “Vocês me testaram, mas ainda não conhecem todas as minhas habilidades.” E guardou o diamante. “Obrigada.”

 

    O túnel agora subia levemente, acabando, por fim, em uma porta de pedra maciça. Teysa fez um pequeno corte em seu dedo e passou na porta, que abriu arrastada para o lado. Revelou-se mais escadas e subidas, onde conforme caminharam adentro a porta se fechou em suas costas. No fim da escada, outra porta (comum), que quando aberta trouxe consigo uma sala pequena com vitrais empoeirados e uma abertura lateral. Atravessaram a abertura e finalmente Kaya sentiu a grandeza dos Orzhov.

 

    Um enorme salão com vitrais coloridos e bem cuidados sendo iluminado pela recente luz do dia, tudo extremamente luxuoso, imponente e ostensivo.

 

 

    “Realmente impressionante!” exclamou Kaya. Teysa a olhou e concordou com a cabeça, continuando a caminhar e fazendo com que ela a seguisse.
 

    Ao fim do salão, numa área mais restrita, um portão entalhado. A herdeira de toda essa estrutura então explicou:


    “Este salão já é privado para família e serviçais diretos, a partir deste portão então somente pessoas de sangue podem acessar e levar consigo convidados. Tendo dito isso, mantenha-se perto, e lembre-se que a partir daqui a tranqüilidade acabou.”
 

    “Minha tranqüilidade acabou desde o dia que minha centelha ascendeu.” Pensou.
 

    A nobre madame abriu o portão e ambas adentraram um corredor curvo mal iluminado e descendente, mas apenas alguns passos guiados pela lanterna de Teysa já revelaram o salão subterrâneo que as aguardavam:    Vidraças emanando luzes espectrais, estatuário dos patriarcas e matriarcas Orzhov, um altar ao fundo.

 

 

    O cenário silencioso foi interrompido por um barulho de armadura se movimentando, passos pesados ficando mais fortes, uma figura alta surgindo por uma abertura à direita, perto do altar. Teyza, que até então mantinha a pose impávida, rangiu os dentes e começou a tremer de raiva. “Ssseeuusss malditos!!” exclamou entre a ira.


    Kaya notou que a figura usava uma armadura pertencente à Legião Boros, e uma grande espada na mão. Pele acinzentada como de um morto-vivo, e notavam-se traços raciais negros por debaixo do elmo, olhos vazios.
 

    Num movimento surrealmente rápido ele avançou em direção à assassina com a espada pronta para perfurá-la, não fosse sua forma etérea manifestar como um reflexo natural. O soldado passou reto por ela, perfurando e destroçando uma coluna logo atrás. “Mas o quê?! Que rápido pra um morto!”
 

    “SEMI-MORTO!” bradou Teysa “Ele é o resultado da minha primeira falha em eliminar esses fétidos.” Nisso o soldado inexpressivo e vazio ia assumindo nova pose de ataque, quase que tentando analisar como Kaya escapara de tamanha precisão. “Perdoe-me, Tajic. Mas imaginei que algo assim pudesse ter acontecido.” Nisso Teysa levantou sua lanterna e proferiu algumas palavras, o objeto brilhou mais forte, mas sem iluminar nada, e quando o soldado estava em uma nova tentativa de ataque ele caiu de frente, estrebuchando e virando os olhos vazios. Um espectro negro foi saindo de sua boca e indo em direção a lanterna, sendo trancafiado nela. O corpo permaneceu imóvel, sem vida.


    “Ora ora...”
 

    “Ela voltou, e acabou com o próprio brinquedo.”
 

    “Mas trouxe um novo.”
 

    “Sua herdeira nunca aprende, Karlov.”
 

    “Sim, a situação está ficando insustentável.”

 

 

Vozes do além preencheram a sala, e logo mais se revelaram como sendo do Conselho Fantasmal Obzedat, conforme seus espectros surgiram do altar. O fantasma maior e troncudo assumiu a dianteira, e enunciou:


“Teyza, sangue de minha linhagem, assim você nos obriga a dar um jeito em você.”
 

“Já saíram de seus recolhimentos, velhos fétidos? Assim nos poupam o trabalho de caçá-los.” Ela respondeu, seguida imediatamente das outras vozes do conselho.
 

“Vamos acabar com isso agora, Karlov!”
 

“Está insustentável!”
 

“Não colocarei mais em risco nossa instituição.”
 

Kaya foi lendo a situação, e ela não estava nada boa, como previsto. Os cinco fantasmas eram bem alinhados e sincronizados, ao mesmo tempo em que agiam cada um por si. “Teysa?”
 

“Só mais um pouco...” respondeu, interrompida por seu antepassado imortal.
 

“Parem de cochichar vocês duas, a morte se aproxima.” Karlov então concordara com o Conselho. “Rezem.”
 

O fantasma encapuzado sem rosto investiu em Kaya, enquanto Karlov foi cuidar de sua descendente. Suas garras tentando alcançar a assassina habilidosa, que logo foi gravando as dimensões do lugar assim que entrou nele e, somando-as às plantas desenhadas por Teysa, viu-se apta a desviar sem problemas. Até que um calafrio veio detrás, outros dois estavam avançando à surdina e quase a pegaram em cheio, mas ela se jogou pra cima desviando dos três por apoios em entalhes e colunas. “TTEEYYSSAAA!!!” berrou, e viu sua parceira envolta em magia se defendendo de Karlov e do outro.


“CAAALLMAA!” gritou de volta em resposta.
 

“Teysa, o que vocês duas estão tramando?!” Karlov questionou. “Meras mortais como vocês não podem nos ferir.”
 

“Eu realmente não, mas posso congelá-los brevemente.” Dito isso as runas de proteção que estavam sendo traçadas invisivelmente pela luz da lanterna de Teysa se revelaram e brilharam, conectando-se uma à outra e espalhando-se pelo salão, formando uma teia prateada. Os cinco patriarcas começaram a se enroscar no encantamento, pois acostumados a não terem obstáculos, seus corpos não estavam sabendo lidar com restrição de movimentos. “Já ela, pode! KAYA!” comandou a nobre Orzhov.
 

Kaya como humana encarnada podia se movimentar livremente, e rapidamente pela teia prateada. Chegando perto do fantasma sem rosto, já com adagas em punho, assumiu sua forma etérea e enfiou ambas adagas em cada lado do pescoço da coisa. Ele soltou um uivo rouco e gutural e ficou tremendo freneticamente. Kaya continuou golpeando, crente que logo ele se dissolveria.
“HAHAHAHAHAHAHA...” os outros quatro riram juntos. “Tolas!”
 

    O alvo começou a se encolher, e a formar uma espécie de buraco negro do tamanho de um punho, Kaya foi sentindo a sucção de vida vindo dele e se afastou. Investindo em outro fantasma enquanto ainda havia tempo, rasgando-o o pescoço espectral. Mesma cena, estrebuchos e autoencolhimento. Kaya foi pra cima de mais um, e a cena se repetiu. Quando estavam sobrando somente Karlov e um outro, ainda presos na teia prateada, toda teia começou a vibrar e ser sugada pelos buracos negros que parte do conselho se transformara.
 

    Teysa e Kaya se aproximaram de costas uma à outra, ofegantes e assistiram a armadilha desmoronar. “Somos um, e somos cinco! Somos milhares! AHAHAHAHAHAHA” As vozes dos outros dois conselheiros bradaram juntas. Nisso os três buracos negros foram se aproximando até se fundirem, aumentando seu tamanho único e sua força de sucção. Um braço de sombra saiu do buraco e foi em direção a elas, que desviaram cada uma ao seu modo, ele então encontrou o corpo de Talic, e o mesmo foi se desintegrando e sendo engolido pelo vórtex silencioso. A falta de qualquer som vindo dele era perturbadora, a pura inexistência de tudo.
 

    Karlov então conseguiu agarrar Teysa, e o outro fantasma alto e fino a Kaya. Ela, por sua vez, tentou assumir sua forma espectral, mas, mesmo assim, ainda se mantinha presa nas garras podres do espírito. “Não adianta” ele disse. “Suas vidas trarão o conselho de volta!”.
 

Kaya sentiu sua essência sendo sugada, virando alimento de espírito. Mas confiante que Teysa resistiria tempo suficiente, chegou a vez dela mesma assumir seu papel de vórtex. Forçou então sua forma etérea ao máximo e partiu para o caminho inverso, sugando o fantasma magrelo para si. A energia foi brutal! Mais do que todos os espíritos juntos no episódio do Quarteirão.
 

Vidas e vidas, gerações e gerações, como que jogadas num mar de desespero, tristeza e agonia: Essa era a essência das pessoas as quais eles se alimentavam. Combatendo para manter sua sanidade, Kaya canalizou toda essa energia no diamante-olho-de-leão em seu bolso. E laçou nele, que escureceu, esfumaçou-se, e desintegrou-se. O quarto fantasma sumira junto com o diamante, e sem virar buraco negro.
 

Buraco este que agora, aumentando cada minuto seu tamanho, projetava mais braços de sombra e procurava novamente Kaya e Teysa. A herdeira Karlov lutava com seu antepassado com um arsenal de magias antigas, mas que eram suficientes somente para que ela se soltasse e agora mantendo-o afastado. Ao perceber que o vórtex da inexistência impiedosa aumentava cada vez mais de tamanho, Teysa cravou sua bengala no chão, soltou uma última mágica de proteção que afastou Karlov, e se escondeu atrás de uma pilastra mais próxima.
 

Sua bengala explodiu, balançando a construção, destruindo o chã e derrubando as duas em uma sala abaixo. Kaya assumindo sua forma etérea caiu graciosamente, já Teysa estava com a cabeça sangrando e se levantou tonta, apenas protegendo a lanterna com a mão. “Cof! Cof!” tossia. “Eu sabia! A Cripta desses vermes fica logo abaixo.”
 

    O sol negro pairava sobre suas cabeças, lançando braços de sombra que ainda não as alcançava. Karlov sendo o único fantasma restante desceu flutuando pelo buraco no teto. “Como dissemos, queria Teysa, somos milhares.” E levantou os braços troncudos e deformados. “Acordem patriarcas e matriarcas! Nossos domínios estão ameaçados!” dito isso, uma legião de espíritos foi surgindo da cripta, gerações e gerações das famílias de poder Orzhov sendo controladas pelo último conselheiro Obzedat restante. Então isso é uma das coisas que Teysa queria acabar, percebeu Kaya, mesmo porquê cedo ou tarde ela se tornaria um desses espíritos sem descanso.
 

    “Kaya, tenho apenas mais um movimento, a partir disso o resto é com você!” Teysa sabia que Kaya era uma planeswalker, jogar todo peso de uma cartada final nas costas dela desse jeito, sendo que ela poderia simplesmente fugir de mundo. Bom, felizmente sua tendência leal aos serviços prestados não permitiria que fizesse isso.
 

    Conforme os espíritos débeis se aproximavam, Teysa ativou a lanterna em seu limite, e a lançou em direção ao sol/buraco negro acima, onde um de seus braços sombrios alcançou a lanterna e a jogou pra dentro de sua imensidão vazia. Tudo agora era apenas iluminado pelas auras espectrais presentes. Kaya ia se defendendo dos espíritos que tentavam a engolfar, e Teysa conjurou um último círculo de proteção, mas extremamente fraco, não duraria muito.
 

    “Mmmhahahahahahah!!! Desespero Teysa?! Logo você se juntará a esse exército!” disse Karlov insanamente. “E sua serva substituirá o velho brinquedo Boros.”
 

    Porém algo começou a ocorrer no sol de trevas: rachaduras brilhantes foram craquelando sua forma, e a despedaçá-lo por dentro, uma explosão de luz amarela invadiu o espaço, atordoando temporariamente a horda espiritual, Karlov e desintegrando o vórtex. A lanterna de Teysa pairou no ar por uns istantes, e esfaleceu em pó.
 

    Chegara uma boa oportunidade para Kaya, na abertura criada pelos espíritos atordoados, ela assumiu sua forma etérea total, canalizou mana em uma de suas adagas, segurou-a com as duas mãos, e cravou no próprio abdômen.
 

    Uma luz violeta foi sendo emanada do furo criado por ela mesma, o ar foi se eletrizando e tremendo, e uma horda de espectros violeta foi sendo expelida de dentro dela, gritando e lamuriando numa cacofonia de sons do além. Kaya foi agonizando enquanto expelia essa multidão de seres inexistentes.
 

Espíritos que ela desintegrava ao absorvê-los deixavam resquícios de memória, energia e impulsos armazenados nela. Não eram espíritos escravizados, como os que Karlov comandava na cripta, eram como flashs de existência que duravam um espasmo de minutos ao serem soltos. Há alguns anos, perturbada por esses resquícios de outros em seu próprio corpo, Kaya descobriu que precisava liberá-los de vez em quando. E logo depois descobriu que liberá-los em uma situação crítica contra outros espíritos poderosos era uma melhor opção ainda por cima.
 

    Os espectros violetas, sedentos por qualquer tipo de energia, começaram a atacar os espíritos Orzhov, e o próprio Karlov, fundindo-se em uma massa energética única e desintegrando a todos, conforme o tempo deles mesmos se esvanecia. Kaya terminara de liberar todo esse acúmulo absurdo de energia e agora ia ficando tonta, perdendo a consciência. Ajoelhou-se e se esforçou para manter-se acordada mais um pouco, observando a cacofonia agonizante que preenchia o local, enquanto tudo se dissolvia em uma camada única de restos espectrais. Viu Teysa encolhida tampando os ouvidos, Karlov sendo desintegrado, as massas se misturarem e irem sumindo... e tudo ficou escuro...
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Um teto luxuoso e uma cama confortável a recolhiam, percebeu-se deitada e debilitada. Cheiros de incenso e um clérigo emanando mana em seu corpo. Ele notou o despertar de Kaya, e saiu da sala. Retornou acompanhado de Teysa.
 

“Finalmente, quase um mês em coma.” Disse olhando para o leito. Kaya tentou responder e se mexer, mas sentiu a dor aguda da perfuração que fez em si mesma, e só soltou um rosnado de dor. “Relaxe, você ainda precisa descansar. Está tudo acabado, parabéns pelo incrível serviço. Vou deixá-la descansando novamente agora.” E saiu.
Passadas mais algumas horas no silêncio, Kaya dormiu novamente.
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Kaya acertara todas as contas com a herdeira Orzhov, e agora, passados três meses desde seu trabalho e totalmente recuperada, estava apenas relaxando em alguns distritos mais isolados e menos agitados de Ravnica, desfrutando do gordo pagamento. A população em geral ainda não tinha tomado conhecimento da destruição do Obzedat, e efeitos da desestabilização de uma das guildas mais tradicionalistas ainda não eram visíveis.
 

Enfim, todo dinheiro que ganhou seria suficiente para ela não se arriscar mais tanto durante um bom tempo, mas sabe-se lá quando outro grande desafio a chamaria. A cada trabalho a Assassina de Fantasmas conseguia mais fama pelo multiverso... que ótimo para os negócios!

 

 

Fontes:

 

http://magic.wizards.com/en/articles/archive/magic-story/family-values-2015-11-11 
http://magic.wizards.com/en/articles/archive/uncharted-realms/teysa-karlov-2013-04-09 
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Teysa_Karlov 
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Kaya
http://magic.wizards.com/en/articles/archive/magic-story/laid-rest-2016-08-03 
https://magic.wizards.com/en/story/planes/ravnica
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Ravnica
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Orzhov_Syndicate
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Krenko 
http://mtgsalvation.gamepedia.com/Agyrem http://mtgsalvation.gamepedia.com/Obzedat 
http://mtgsalvation.gamepedia.com/House_Dimir 

Felipe Bracco ( Bracco)
Viciado e apaixonado pela mana vermelho, adorador de Goblins, viajante das teorias, curioso e observador! Buscando sempre expandir os limites da minha própria escrita e do que pode ser escrito.
Jogo Magic desde 2000, e hoje estou mergulhado inteiro na comunidade. Sou inclusive administrador do MTG LGBT, grupo de Magic no Facebook visando acolhimento e promoção de eventos relacionados.
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