Olá! Nesse último final de semana tivemos o Grand Prix Porto Alegre 2017 disputado no formato Standard, e no artigo de hoje falarei um pouco sobre minha escolha de deck e participação no torneio.
Quem acompanhou meu último artigo sobre T2, viu que eu vinha jogando com o B/G Constrictor do Brad Nelson, mas com a atualização de No Changes da Wizards na segunda-feira pré-GP, redirecionei meus esforços para o melhor posicionado 4C Saheeli, bem equipado para um jogo Midrange justo, mas que pode punir os oponentes com um combo infinito injusto.
A lista que utilizei foi a seguinte:
Nos slots flexíveis, optei por utilizar 2 Walking Ballista, justamente por serem importantes tanto na Mirror como prevenção ao combo, tanto contra Mardu, por segurar os Toolcraft Exemplar e Motorista Veterano, e por ajudar a finalizar PWs, com a ajuda de Oath of Chandra, além própria Chandra, Torch of Defiance e a Saheeli Rai. Além disso, em ambas as partidas algumas vezes o jogo vai longe, e a Ballista é um mana sink para o late game que pode ganhar sozinha.
Com isso também abaixei a curva, sem usar Tireless Tracker e Skysovereign, Consul Flagship no deck principal. Já no Side, optei por manter 3 Release the Gremlins, já que é o principal trump contra Mardu (e um que ele não tem como realisticamente jogar em volta sem comprometer demais o plano de jogo dele), 1 Natural State, por motivos de curva (ter uma forma de manter paridade no jogo contra Mardu começando no draw), e 1 Baral's Expertise, como uma concessão a grande quantidade de B/Gs que eu esperava enfrentar – mesmo sendo um matchup favorável, por ser um deck que eu esperava ver em grandes quantidades, decidi reservar um slot. Com as Ballistas no MD, coloquei a Tamiyo, Field Researcher no SB, para arredondar os números contra Mardu e B/G.
O Grand Prix
Eu cheguei a Porto Alegre no meio da sexta-feira, ainda em dúvidas quanto à lista, testando várias opções entre Tireless Tracker e Skysovereign, Consul Flagship (ainda não tinha definido Ballista MD). Tracker é um dos cards que mais me agrada no 4C, mas após fazer 2-1 e 0-1 em 2 GPTs jogados, acabei voltando-os para o SB. Geralmente no G1 os jogos são mais rápidos, já que na mirror existem poucas respostas para o combo, e o Mardu está totalmente no plano agressivo. Você como 4C também tem menos ferramentas para estabilizar o jogo, o que te põe em situação de race com mais frequência, e em nenhum dos jogos desse tipo o Tracker tinha tempo para rodar adequadamente.
Esse cenário melhorava no pós-SB, com jogos mais longos e com mais trocas 1x1. Fora que é uma criatura a mais com poder 3 para tripular o Skysovereign. Dessa forma, mantive com 3 no SB.
Sem conseguir vencer um GPT, e sem pontos suficientes, comecei o Day 1 sem nenhum BYE. Porém, logo na primeira rodada, vimos um absenteísmo alto, e muitos jogadores acabaram sem oponente, ou seja, foram contemplados com vitória logo de cara, o que foi meu caso. Apesar de não ser exatamente um BYE, por prejudicar nos desempates, abrir 1-0 sem jogar é bem razoável. Durante o restante do Day 1, enfrentei Jund Energy (1-0), B/G Energy (1-0), Mardu Ballista (2-2) e 4C Saheeli (1-1), passando para o Day 2 no limite com um 6-3.
No segundo dia, enfrentei U/R Torre (1-0), 4C Saheeli (1-0) e Mardu Ballista (2-2), finalizando 4-2 no Day 2 e 10-5 no resultado geral (2-1 na Mirror, 4-4 contra Mardu, 3-0 contra B/Gx e Torre). Isso me rendeu um 74° lugar, empatado em pontos com o 50°, mas com os desempates me deixando bem longe do dinheiro do Top 64.
Algo recorrente nas mesas durante o GP foram as partidas decididas por zica/flood de mana. Enquanto eu perdi alguns jogos mulligando a 5 ou perdendo land drops importantes, o mesmo aconteceu com meus oponentes, em frequência a ponto de ser notável. O flood foi particularmente perceptível, já que alguns jogos entre 4C e Mardu são muito grind, dando margem a um flood e ao mesmo tempo importância para Sinks, como Tireless Tracker e Walking Ballista. Esse é o ponto em que considero o 4C até mais favorecido que o Mardu, já que com Servant of the Conduit, Attune with Aether e Oath of Nissa, a mana dele funciona melhor, com cards que possuem alguma utilidade no cenário em que apenas o terreno nada faria.
Outro ponto que pesa muito, em particular na mirror, é o fator play/draw. O principal desafio desse formato é que você precisa *quebrar o saque* do oponente quando ele está no Play, e ao mesmo tempo *garantir* seus pontos quando você que está *sacando*. Do lado do 4C, um dos cards que mais ajuda nesse aspecto (e um dos que eu mais queria ver na minha mão inicial) era o Servant of the Conduit, enquanto que interações baratas que permitem jogar duas mágicas no mesmo turno (casos de Harnessed Lightning, Oath of Chandra , Natural State e todas as interações com Felidar Guardian ) são essenciais para tal.
4C vs. Mardu
O principal trunfo para o Mardu é sua curva insana (geralmente envolvendo Toolcraft Exemplar, Scrapheap Scrounger e Gideon, Ally of Zendikar) e a possibilidade de ser proativo com ameaças que interagem com o combo (Thalia, Heretic Cathar e Walking Ballista). Archangel Avacyn também é crucial, já que ataca por todos os jeitos que o 4C tem dificuldades de lidar (permite o Mardu passar com mana aberta e ainda assim colocar mesa caso o 4C não combe, é uma ameaça voadora maior que tudo, bloqueia bem impedindo racear, e torna trocas difíceis porque se ela flippar limpa toda a mesa do 4C e o jogo praticamente acaba).
Portanto, o 4C deve a todo custo evitar que isso aconteça. Foque as remoções nas criaturas que interagem com o Combo, para que o Mardu precise toda hora repensar se desenvolve sua mesa, ou se passa com mana em pé. Felidar Guardian no 3 com Servant of the Conduit é particularmente efetivo nisso, assim como complicar a mesa com Whirler Virtuoso, que também interage bem pressionando o Gideon. No pós-side, o 4C fica mais equipado para o jogo justo, com Skysovereign, Consul Flagship e Release the Gremlins. No começo eu até subia algum número de Tireless Tracker na Play, mas acabei parando de fazer já que Tamiyo, Field Researcher, Release e Skysovereign já me pareceram suficientes para controlar e levar vantagem na partida com menos *setup* que o Tracker.
Se eu fosse mudar algo na lista, provavelmente colocaria no SB mais alguma resposta para a Avacyn, possivelmente Plummet no lugar do Baral's Expertise (como vi algumas listas que fizeram Top 32 aqui em POA fazendo).
Sideboard utilizado:
Side out: -1 Rogue Refiner, -3 Chandra, Torch of Defiance, -2 Oath of Nissa, -2 Saheeli Rai
Side in: +1 Walking Ballista, +3 Release the Gremlins, +1 Natural State +1 Tamiyo, Field Researcher +2 Skysovereign, Consul Flagship
na play -1 Servant of the Conduit +1 Negate
4C vs. Mirror
A mirror é um pouco complicada, já que ela é sempre jogada na mesa e na mão, ao mesmo tempo, por causa do combo. O cenário ideal é desenvolver a mesa com Rogue Refiner e Whirler Virtuoso, que permitem colocar pressão enquanto mantém mana aberta para Harnessed Lightning (que previne o combo do adversário). Walking Ballista já no G1 brilha, porque permite aumentar ainda mais a mesa sem se expor ao combo – por exemplo, fazendo Chandra, gera mana, Ballista no turno 4, além de complicar o combate (já que o oponente não pode mais fazer Tópteros a esmo, ou bloquear Rogue Refiner com Felidar de forma impune).
No pós-SB, ambos têm mais respostas para o Combo, geralmente em forma de Negate e Ballistas vindo do SB; geralmente, o jogo fica mais grindy, e se alguém consegue combar é possivelmente porque já tinha uma vantagem na mesa que ganharia o jogo e forçou o oponente a reagir se tapando.
Sideboard utilizado:
Side out: -2 Rogue Refiner, -1 Oath of Nissa, -1 Saheeli Rai, -1 Felidar Guardian, -1 Oath of Chandra
Side in: +1 Walking Ballista, +2 Skysovereign, Consul Flagship, +3 Tireless Tracker
4C vs. B/G
Oath of Chandra é a carta que mudou a dinâmica da partida do B/G contra o Mardu, ela, combinada com o Felidar Guardian fazem muito nesse jogo. Quebrando as criaturas importantes dele como Winding Constrictor, Sifonadora Bracoluz e Walking Ballista, ele passa a apresentar dificuldades para desenvolver o jogo de forma rápida. Sem a Ballista, ele precisa se tapar para coisas como Verdurous Gearhulk, se expondo para o combo. Chandra, Torch of Defiance dando -3 para limpar a mesa dele é excelente, já que ele não tem formas eficientes de ataca-la na volta sem criaturas com ímpeto e dano direto.
Sideboard:
Side out: -1 Saheeli Rai -1 Oath of Nissa -2 Walking Ballista
Side in: +1 Tamiyo, Field Researcher +1 Baral's Expertise +2 Skysovereign, Consul Flagship
Se ele for para um plano mais grind pós-SB, ao invés de tentar agredir rápido, gosto de subir 2 Tireless Tracker também, no lugar de 1 Servant of the Conduit e de 1 Rogue Refiner.
4C vs. Temur Dynavolt
Aqui é bastante difícil de encaixar o Combo, mas razoavelmente simples de encaixar um plano midrange de criaturas difíceis de responder e Planeswalkers. Whirler Virtuoso e Rogue Refiner são excelentes, em particular o Virtuoso, já que ele coloca vários tokens que quebram a paridade do jogo de remoções dele. No pós-SB, as remoções de artefato brilham, evitando que a Torre saia de controle.
Sideboard:
Side out: -3 Oath of Chandra -1 Harnessed Lightning -1 Saheeli Rai -1 Felidar Guardian -2 Oath of Nissa -2 Walking Ballista
Side in: +3 Tireless Tracker +2 Negate +1 Dispel +1 Natural State +3 Release the Gremlins
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Enquanto a imensa maioria dos jogadores estava em um duelo entre 4C Saheeli e Mardu Ballista, gostaria de destacar dois jogadores em particular que conseguiram excelentes resultados com uma visão diferente do formato. O primeiro, como não poderia deixar de ser, é o Victor Fernando Silva, vulgo Pelézinho/Bastard, que adotou um plano agressivo com Longtusk Cub e Tireless Tracker no pós-SB, quando o oponente subiria remoções para a Torre, e pegando oponentes que sideavam para fora remoções de criaturas totalmente de surpresa.
O outro é o Mateus dos Anjos, vulgo Torto, que alcançou Top 16 com o B/G Energy. O principal plano do Mardu contra o B/G, e que funcionou desde a adoção de Oath of Chandra & PWs no sideboard, é o *go bigger*. Só que ao invés de tentar competir nesse aspecto, o SB do Torto ia ainda mais agressivo, com Fleetwheel Cruiser e Heroic Intervention, e pegava os oponentes de surpresa. Os highlights desse plano foram em um game em que o oponente fez Chandra, Torch of Defiance contra uma mesa vazia, subiu para 5 marcadores, e o Torto voltou com Fleetwheel Cruiser, ataco VOCÊ, passo. Só consigo imaginar a cara de desespero do oponente nessa situação. No turno seguinte, outro Fleetwheel Cruiser, junto de um Greenbelt Rampage,r tripulando em resposta ao trigger de voltar para mão, novamente atacando o oponente, o deixou bem próximo da morte quando sua mão era apenas Oath of Liliana e outras mágicas pesadas.
Com um formato extremamente bipolarizado em dois decks que foram testados, retestados e tunados ao limite, os jogadores se preparam especialmente para o duelo contra a outra força e o mirror. Com isso, qualquer plano fora da caixinha pode chegar e surpreender, desde que seja minimamente competitivo e viável. Creio que principalmente no Magic Online, ainda veremos novidades no desenvolver do metagame antes do lançamento de Amonkhet no Standard.
Antes de finalizar, gostaria de deixar os parabéns a todos os brasileiros que mandaram bem no GP, e novamente minhas saudações a todos os amigos que somente temos a oportunidade de rever nessas viagens. Agradeço também ao Carlinhos e à House of Cards TCG pela viagem e pelo baralho, e ao Torto por novamente me oferecer um teto na sempre excelente Canoas-RS. Mal posso esperar pelo GP Modern em São Paulo, onde novamente grandes histórias e oportunidades nos esperam!
Abraços e até a próxima!