Hoje é dia da maldade. São 17hs06m, quarta-feira, dia 19/06/2019. Esse é o exato momento em que começo a escrever esse artigo. Trata-se de uma quarta-feira antes do feriado do dia 20/06, que no meu caso será prolongado. Isso significa quatro dias inteiros de folga, contando com o fim de semana. Resumindo, hoje é o dia da maldade, parafraseando o sábio dos áudios de whatsapp sobre sextas-feiras.

Se hoje é dia da maldade, hoje é dia de escrever sobre maldades, como usar terrenos básicos de edições e bordas diferentes ou usar dois Brainstorm de Máscaras de Mercádia, um de Quinta Edição borda branca e um de Jace Sepllbook, tudo num mesmo deck; sobre dar Stifle nas três primeiras fetches do amiguinho;topdeckar o ultimo raio do deck pra dar os 3 de dano que faltava; jogar Phage, a Intocável para o próprio cemitério e dar Misdirection no Reanimate do coleguinha; ou, pior, chamar o amigo pra sua casa e quando ele chegar, avisar que o único deck que você tem pra jogar com ele é um Pox.

Existe, porém, uma maldade maior que todas as outras. Uma que faz o filho chorar e a mãe não ver! One Evil to rule them all!

Sim! Se você disse o preço de alguns decks do Legacy, principalmente daqueles com muitas Old Duals e cartas da Reserved List, você acertou!

É de conhecimento geral que alguns decks Legacy podem valer mais que um carro popular, por exemplo, tenho certeza que meu Grixis Control vale mais que meu Sandero 2013, principalmente depois que acertei a pilastra da garagem aqui do prédio (sim, eu bati todos os carros que já tive).

 

 

Esse valor elevado, porém, é bom, como investimento, principalmente pra quem começou em 2012 ou antes (comprei minha primeira Underground Sea por 300 reais), mas é ruim quando funciona como barreira de entrada para novos jogadores e prejudica a base de players do formato: olá Reserved List, estou olhando pra você, e com desdém! Mas isso é assunto para outro artigo.

Hoje é dia de falar sobre duas coisas: (1) Os 5 decks mais caros do Legacy; (2) Como vou ajudar você a começar a montar um deles. Mas antes de começar o primeiro assunto, ressalto que no Legacy, mais caro não significa melhor. Inclusive, tem alguns decks dessa lista meio sumidos dos top 8’s de eventos grandes.

Existem decks no Legacy que custam o mesmo que um deck Modern e que são excelentes, como você pode ver nesse meu outro artigo aqui.
 

Sem mais chorumelas, vamos ao Quinto Lugar. De novo, vou usar a base de preços do MTGGoldfish, que usa a CardKingdom como fundamento para os preços de cartas de papel. O valor em dólar, multiplicado por 3.5 dá uma média razoável do preço do deck aqui no Brasil.

 

Quinto Lugar: Grixis Control
 

 

O preço desse deck é 5.220,84USD. Isso significa que para montar um do zero por aqui, você deve gastar por volta de R$ 17.000,00 a R$ 18.000,00. Isso se for comprando de outros players, com paciência, afinal, se for para ser rápido, não vai ser barato. São SETE Old Duals, das quais TRES são Underground Sea, DUAS Volcanic Island e DUAS Badlands.

O deck é uma excelente opção para os control players de plantão, principalmente num meta cheio de PWs de 3 manas azuis (Narset e Mini Teferi). Cartas como Raio e Comando de Kolaghan pressionam esses PWs de modo geral e Pyroblast pós side faz estrago contra azul, que é uma cor bem dominante no formato.

A estratégia é sobreviver nos primeiros turnos e tomar o controle do jogo aos poucos, gerando card advantage em trocas injustas contra seu oponente. Esse deck possui várias trocas 2 por 1, por exemplo Hymn to Tourach, o próprio Comando, cartas que se repõe como Baleful Strix e que geram card advantage real como Narset e Jace, the Mind Sculptor.

São várias mágicas de grande impacto no jogo, como Liliana, the Last Hope, com o único objetivo de ir minando o oponente até a vitória, que geralmente é lenta e conquistada através de pequenas vantagens (tiny edges) realizadas durante o jogo.

 

Quarto Lugar: Grixis Delver
 

 

O Grixis Delver é um pouco mais caro que o Grixis Control. Ele também usa SETE Old Duals, entretanto QUATRO delas são Underground Sea, com as outras TRES sendo Volcanic Island. Simplesmente as Duals mais caras possíveis. Se você quiser montar um deck desses, vai ter que desembolsar 6.300USD, ou seja, com paciência e algo entre R$ 17.500,00 a R$ 18.500,00, você consegue.

Esse deck, apesar de ser um antigo queridinho do formato, estava meio sumido dos campeonatos grandes até que a dona Uizardes resolveu printar o filho do demônio, também conhecido como Dreadhorde Arcanist, como você pode conferir em outro artigo aqui.

Basicamente o deck funciona com uma base Tempo. Você vai jogar uma criatura e protegê-la, impedindo seu oponente de jogar de forma eficiente através dos descartes e soft counters do deck, ate que todos os 20 pontos de vida sejam tirados.

A conta é bem certinha e as jogadas têm que ser friamente calculadas. O jogador de Delver tem que saber o que vale a pena combater e o que não vale. Um erro de calculo pode significar uma derrota. A conta é tão certa que dizem que se fossem 25 pontos de vida, Delver Decks nem existiriam.

 

De fato, Arcanist melhorou bastante as coisas, pois gera card selection, card advantage e tempo advantage ao mesmo tempo, quando recapitula um Ponder ou Brainstorm, por exemplo. Mas não se engane a conta ainda é justa e o deck é difícil de jogar. Mas vale bastante a pena e é uma das opções de peso do formato hoje em dia.

Terceiro Lugar: Lands
 

 

Aqui a gente corta uma linha limítrofe que separa os marajás, dos marajás latifundiários. No que pese apenas DUAS Duals serem utilizadas normalmente, esse deck possui um ícone do MTG em sua composição. Tenho certeza que todo mundo, pelo menos uma vez, ouviu falar de The Tabernacle at Pendrell Vale.

Essa carta sozinha custa 2.300USD. Aqui na Liga duas lojas a possuem, por módicos R$ 8.500,00. Mas não fique muito animado caso você tenha um Tabby (para os íntimos), perdido aí no seu lixão. O preço total do deck atinge 5673,60USD. De novo, com sorte e paciência, você consegue montar um gastando entre R$ 19.000,00 e R$ 20.000,00. Nada que dois hectares de terra aqui em MG não paguem. Tranquilo!

Mas como um deck com 35 lands funciona? Eu uso 14 no Storm e costumo floodar horrores, imagina com 35?

Bom, o Lands é um deck bem contra-intuitivo. Não é simples jogar com o deck, primeiro porque a maior parte das cartas é terreno, segundo, porque é necessário entender que as mágicas restantes servem para proteção nos primeiros turnos e para fazer o motor do deck funcionar, acelerando mana e criando card advantage.

As partidas ideais com o deck devem envolver uma aceleração de mana, na forma de Manabond ou Exploration - que permitem colocar em jogo mais de um terreno por turno - seguida por um Life from the Loam no cemitério. Pense que Loam no cemitério, fazendo dredge todo turno, é o mesmo efeito de um Ancestral Recall no Vintage, todo turno. São 3 cartas a mais na mão quase sempre.

Uma vez estabelecido o controle do jogo com Punishing Fire, Maze of Ith ou até mesmo Glacial Chasm, que com ajuda de Exploration e Loam cria um hard lock, o próximo passo é combar seguramente para Marit Lage. Seja tirando os marcadores do Depths na marra, seja copiando o Dark Depths com Thespian Stage (o mais comum).

Lands é um deck pouco jogado, no entanto. Sofre para combos rápidos como Storm e Sneak and Show e aparece com pouca freqüência nos campeonatos de Legacy mundo a fora, principalmente em razão de seu preço elevado e da dificuldade em se encontrar um Tabby para venda. No entanto é uma excelente opção para aqueles jogadores que gostam de gastar dinheiro e ganhar de decks justos. Afinal, Lands é o grande predador de decks justos do formato e nas mãos de um piloto treinado, vai trazer bons resultados.

Segundo Lugar: Lands Post
 

 

Como se não bastasse o Lands comum, acima, veio um sem vergonha, digo, abençoado, e resolveu colocar TRES Candelabra of Tawnos no deck. Não conhece? Bom, é uma cartinha que costumava jogar no High Tide e que custa módicos 1.000USD. Mas olha a boa notícia, pelo menos esse deck é monogreen e não usa nenhuma Old Dual.

O preço final gira em torno de 6.300USD, mas agradeça a Thor que essa lista não tem Drop of Honey, que tem no Lands normal, e custa sozinha 700USD. Aqui, com muita (ênfase no MUITA) paciência, você deve conseguir montar um desde que venda seu rim no mercado negro, isso se seu rim valer perto de R$ 22.000,00. O meu, no auge dos meus 32 anos, 18 só de Balalaika, com certeza não vale isso tudo.

O plano do deck, em bom português, is to go BIG! São 4 Cloudpost, 4 Glimmerpost e 4 Vesuva (daí o nome 12 Post, usado por alguns), que juntos têm o papel de castar o trio parada dura: Emrakul, Kozilek e Ulamog, sem contar os PWs monstrinhos Ugin e Karn.

Karn, the Great Creator foi uma excelente adição ao deck, já que busca de fora do jogo uma Mycosynth Lattice (one card combo), que provavelmente será jogada no mesmo turno que o Karn e, de quebra, de uma Trinisphere, para proteção.

Mas onde entre a Candelabra nisso tudo? Ora, imagina você virar seus 3 Cloudpost gerando 3 manas cada, pagar três manas para usar Candelabra e desvirar os 3 Cloudpost? Baita aceleração de mana, né?

Além das limitações obvias do deck (preço absurdo e as dificuldades inerentes do contrabando de órgãos), somado ao fato de que encontrar Candelabra para venda é bem difícil, esse deck sofre bastante para Wasteland, Blood Moon e Back to Basics, cartas bem comuns no atual metagame do Legado. No entanto é uma boa opção para quem se diverte jogando com big mana spells.

Primeiro Lugar: 4c Loam
 

 

Bastante popular no MTGO até um tempo atrás, esse deck é quase a junção de todos os outros aqui. Usa muita dual, SEIS no total, usa Tabby, e usa um monte de spell cara, leia- se Mox Diamond, Liliana of the Veil, Chalice of the Void, etc.

Seu preço total gira em torno de 6.500USD. Isso significa que para ter um desses no Brasil, é preciso juntar módicos R$ 23.000,00 e nem é da pra dar de entrada num apartamento da MRV, muito menos pra comprar meu Sandero 2013, que de fato está a venda!

O deck é basicamente control, que usa alguns elementos do prision, como Chalice of the Void, para criar vantagens relevantes durante a partida, tendo em vista que o formato é tomado por mágicas de CMC 1.

O card advantage fica por conta de Dark Confidant (Bob para os íntimos), Sylvan Library e Life from the Loam e a finalização do oponente por conta de Knight of Relicary, que funciona mais como um tutor eficiente de lands, do que propriamente como beatdown.

 

Chamo atenção para o fato de que a Liliana é extremamente eficiente nesse deck, já que não é simétrica. Enquanto o oponente está descartando cartas relevantes, você está descartando lands voltados com Loam ou Punishing Fire. A estratégia é lenta, mas extremamente eficiente, principalmente contra decks com azul e decks control com azul, o que é ótimo num formato cuja cor predominante é azul.

A barreira aqui, claro, é o preço, que é quase tão alto quanto a popularidade do Keanu Reaves. Além do rim negociado no mercado negro, você vai ter que operar o sujeito pra conseguir levantar a quantia toda. Logo, ser médico facilita as coisas. Entretanto é uma excelente escolha atualmente, capaz de oferecer ótimos resultados. Mas lembre-se, é melhor contratar uns seguranças quando sair de casa.

Terminado nosso Top 5, passaremos a descrever como posso ajudar na montagem de um desses decks, ou pelo menos no início da montagem.

O NL 2019 está chegando. O primeiro big Trial acontece 06 de julho em Pouso Alegre, no Legacy Uai. Mas o que isso tem a ver, Thiago?

Tem a ver que a premiação do Nacional Legacy, pela primeira vez desde 2015, vai voltar a ser em Old Dual. E dessa vez, vai ser para arrebentar com todas as expectativas. Tá preparado? Então olha esse vídeo aqui.

 

Conseguiu contar? Não? Eu te ajudo. Serão 21 Old Duals, distribuídas para o top 16 do NL 2019, com Duals com azul reservadas para todo o top 8. Isso mesmo, você não leu errado. Serão 21 Duals, de Revised, ou seja, uma prize pool aproximada de R$ 20.000,00!!! Sensacional, né? Ano passado a gente manteve a meta aberta, para nesse ano a gente dobrar a meta.

Claro que não fiz isso sozinho, essa premiação ta sendo possível graças ao apoio incondicional da Vault of Cards, que tem um estoque sinistro de singles para formatos eternos. Dá uma conferida no site deles aqui.

Abaixo você pode conferir a distribuição da premiação, conforme as posições no top 16:

 

• 1º Colocado: 2 Undergorund Sea + Badlands
• 2º Colocado: 2 Volcanic Island
• 3º e 4º Colocados: Tropical Island + Savannah (Pode ser que as Tropical virem Tundra – a definir)
• 5º ao 8º Colocados: Tropical Island
• 9º ao 12º Colocados: Scrubland
• 13º e 14º Colocados: Taiga
• 15º e 16º Colocados: Plateau

Gostou? Então pode namorar as fotos abaixo:

 

 

Agora é só pedir para seu TO regional ou para sua loja preferida entrar em contato conosco e realizar um Trial valendo inscrições para o evento, ou então já comece a se preparar para vir jogar o evento conosco nos dias 29/11 a 01/12 aqui em Belo Horizonte, cujos detalhes você pode acompanhar através desse site aqui. O evento será aberto e qualquer um poderá se inscrever.

Acompanhe nosso Facebook e nosso Instagram para mais novidades ao longo desses meses.

Sessão Bônus

Na sessão bônus vamos falar do Pox. Mas porque na sessão bônus? Simples. Porque Pox não é deck. Ao contrário do Delver que quase perde, mas ganha; Pox é o deck que quase ganha, mas perde e perde junto com ele o Magic, já que todos os jogos desse deck terminam em tédio, dor excruciante e agonia, de ambos os jogadores.

Mas brincadeiras a parte, segue a lista do querido amigo Frederico Camelo, que insiste em fazer top 8 na LML com o deck, só para me desmentir publicamente todas as vezes que falo que Pox não é deck.

O deck custa a bagatela de 5.200USD ou R$ 17.000,00 a R$ 18.000,00, nessa configuração aí. Não usa Dual Land, mas usa Tabby, Chains of Mephistopheles e em alguns casos, de jogadores mais sádicos, usa também Nether Void e The Abyss. Respectivamente, essas três cartas citadas custam 700, 791 e 840USD, cada uma. Fica fácil ver que se build levar todas elas, o deck se torna, facilmente, o mais caro de todos, atingindo 6.700USD e saltando para quase R$ 24.000,00.

Em resumo, a estratégia desse deck é fazer o oponente sofrer e todas as pessoas em volta que estiverem assistindo a partida também. Ele ganha matando o oponente de tédio ou o fazendo tomar um game loss por causa de um ataque de raiva no meio da partida, coisa extremante comum e compreensível.

Se você quiser ser evitado nas rodinhas de amigos, nunca jogar uma partida casual com ninguém e ser apontado de longe como um estranho indesejado, vá em frente e monte esse deck. Mas depois não fale que não avisei.

Enfim, termino esse artigo às 19hs e estou a caminho do boteco lá do lado de casa. É isso, espero que tenham gostado do texto descontraído e da premiação do NL 2019. Vou aguardar todos vocês aqui em BH para jogar o NL, ganhar algumas Old Duals e brincar de montar uns decks caros!

Como diria meu caro amigo Bob: “Greatness at any cost.”

Lembre-se: hoje é dia da maldade!