Olá! Nessa última semana tivemos a entrada de M20 no MTG Arena, e na segunda-feira tive a oportunidade de testar alguns dos novos cards no contexto do Standard graças ao convite da Wizards para participar do evento de Acesso Antecipado (Early Access). Em uma live especial de 16 horas, pude tanto testar as mais diferentes e loucas ideias, como alguns dos novos cards em decks mais "sérios", e com isso perceber algumas temáticas de M20 com bastante potencial de mudanças significativas no formato.

Quase dois anos depois do lançamento de Ixalan (que tem foco na temática tribal) e com o total máximo de oito coleções válidas no Standard, parece que finalmente várias tribos ganharam a massa crítica de criaturas necessárias e payoffs (cartas "recompensa") poderosos para serem viáveis competitivamente. Vampiros sempre foi presença marcante nos níveis mais baixos da ranqueada e nos eventos construídos do MTG Arena, já que é um dos decks que vem praticamente pronto e consegue competir bem, dentro desse metagame de mono reds pra tudo que é lado e decks ainda incompletos/rogues. Mas sempre parecia que faltava algo mais para o nível seguinte, e talvez M20 tenha trazido esse algo mais. Sorin, Imperious Bloodlord e Knight of the Ebon Legion são dois reforços importantíssimos, trazendo um poderoso planeswalker de três manas cujas habilidades sinergizam perfeitamente com a guilda e um drop 1 que não morre para Goblin Chainwhirler e atua como mana sink no late game; adicionalmente, outros "peões" como Vampire of the Dire Moon e Bloodthirsty Aerialist também podem se encaixar dependendo do foco da build.

 

Goblins, assim como Humanos, Magos, Dragões, Elfos e tantas outras tribos icônicas, estão sempre presentes nas coleções de Magic, em maior ou menor escala. Nesse atual Standard, a Wizards ensaiou alguma sinergia de tribo com eles com o reprint de Goblin Warchief, Skirk Prospector e Siege-Gang Commander em Dominaria, mas mesmo com a entrada de outros goblins interessantes como Chainwhirler, Goblin Trashmaster, Legion Warboss, Goblin Cratermaker e Krenko, Chefao da Rua do Estanho, a tribo ainda não tinha engrenado além do território "meme deck".

Goblin Ringleader pode ser a peça final dessa conta, trazendo um incentivo forte para manter-se tribal ao invés de simplesmente ir "red deck wins" não menospreze o potencial de um goblin que busca mais 2, 3 ou até 4 amiguinhos do topo, em especial junto da redução de custo do Warchief! De brinde, outra criatura interessante para a mistura é o Ember Hauler.

Elementals é secretamente uma das tribos que sempre está inclusa nas edições, mas ninguém nunca percebe porque raramente existem os payoffs para a tribo nos formatos. O último deck que utilizava-se da sinergia tribal foi na época de Lorwyn, com Horde of Notions, Smokebraider e vários elementais "trabalhadores" como Mulldrifter e Shriekmaw, o que já deve fazer uma década de rotações de Standard.

Ao que tudo indica, o design de M20 forçou novamente essa tribo a níveis até capazes de acender um "alerta amarelo" - Risen Reef é indiscutivelmente a melhor carta da coleção, gerando uma vantagem de recursos e aceleração de mana que faz outras "engines" como Command the Dreadhorde e Experimental Frenzy ficarem com inveja. O efeito do pequeno coralzinho é acumulativo (duas cópias fazem cada elemental triggar duas vezes) além dele não se importar se os elementals são fichas ou não (Chandra, Acolita da Chama e Scampering Scorcher agradecem).

O segundo payoff poderosíssimo é o Omnath, Locus of the Roil, que inclusive sinergiza fortemente com o ramp provido pelo Reef, já que quando ambos estão juntos na mesa, mais cedo os marcadores começam a ser colocados, e quanto mais outros elementais "trabalhadores" vão sendo jogados antes e gerando recursos, mais dano o Locus causa ao entrar em jogo - ponto para o quesito versatilidade, sendo bom no começo e no final.

E a tribo certamente não decepciona nesse quesito "trabalhadores". Creeping Trailblazer, Lightning Stormkin, Leafkin Druid, Overgrowth Elemental, Scorch Spitter, Chandra's Embercat, Yarok, o Profanado e os Cavaliers são elementais. Wildgrowth Walker também é, e todos esses cards são mais ou menos jogáveis dependendo da abordagem escolhida para a tribo, desde a mais focada na agressão como a mais "ramp/combo".

A cereja do bolo, entretanto, é a sinergia com os Planeswalkers. As três Chandras de M20 parece que foram feitas com a tribo em mente, enquanto que a Nissa, Who Shakes the World, como se já não bastasse sua dominância nos arquétipos ramps, ainda cria elementals e ajuda a dar vazão nos cards adicionais gerados pelos Risen Reefs graças à sua habilidade de dobrar as manas das florestas.
 

Por sinal, um card que beneficia diretamente as estratégias de ramps é Leyline of Abundance. Bant Ramp, Simic Manipulation e Mono Green "Tron" são decks que agora mais do que nunca podem ter aberturas insanas muito a frente da curva - e podemos esperar Nissa na 3 todo santo jogo se os dorks de mana sobreviverem à remoção!

Além dessa possibilidade de explosão nas manas que praticamente força o restante do formato a ser capaz de interagir com os Llanowar Elves, a Leyline ainda cumpre o requisito de ser tanto o "enabler" como o "payoff", já que as mãos "floodadas" de mana com pouca ação podem ser facilmente
convertidas em bichos gigantes com sua habilidade ativada de colocar marcadores. Se tiver uma Nissa em jogo, melhor ainda, já que o terreno criatura 3/3 vai gerar uma outra mana adicional graças ao efeito da Leyline!

 

 

Uma das temáticas que não era muito frequente nos últimos Standards, e ensaiou algumas gracinhas com Ilharg, the Raze-Boar e Bond of Revival são os Reanimator decks. A questão deles não é nem pelos hates, já que mesmo com Command the Dreadhorde e Arclight Phoenix rodando por aí, quase nenhum deck usa hates específicos de cemitério no sideboard, mas sim o fato de que o que esses decks fazem simplesmente não é poderoso o bastante. Não vale a pena investir vários turnos inciais em setup, para reviver algo que nem é garantido de dominar a partida sozinho ou que pode ser facilmente respondido por uma remoção pontual como um Mortify ou Blink of an Eye .

Entretanto, M20 trouxe várias ferramentas novas: Agent of Treachery é um ótimo alvo para ser reanimado, e Blood for Bones uma excelente engine de valor e recursividade, juntando-se aos já existentes Bond of Revival e Connive // Concoct para dar redundância no efeito de trazer criaturas do cemitério para o campo de batalha.

 

Assim sendo, para mim a maneira mais interessante de buildar esse estilo de deck não vai ser focar totalmente num plano Reanimator, como fazem no Legacy, mas sim em adicionar formas de gerar valor com o cemitério em um plano de jogo midrange funcional, como fazia o Sultai Dreadhorde e mesmo decks mais antigos, como o Junk Reanimator de Innistrad/Ravnica anos atrás.

Ou seja: seus Chart a Course podem ser tanto formas de jogar o bichão no cemitério, como card advantage se jogado com raid e algum bichinho na mesa. Um Agent of Treachery, Muldrotha, a Mare Tumular, Ghalta, Fome Primordial ou bomba similar no turno 4 é broken e muito acima da curva, mas simplesmente ir fazendo suas jogadas e desenvolvendo seu jogo para fazê-los na curva 6-7 sem estar muito atrás na partida é plenamente aceitável. Se o seu oponente carregar no sideboard, simples, transicione facilmente para um já embutido plano midrange e puna-o!

Outra temática que M20 forçou bastante, e que vejo como possível graças à enorme cardpool é a baseada em terrenos. Seja com Scapeshift e Dread Presence+Swamps ou Field of the Dead+Samut/Teferi, World Shaper + Vraska, Golgari Queen + Elvish Reclaimer + Cavalier of Thorns... talvez até tudo isso junto numa grande saladona.

Sabemos pela experiência de Modern e Standard antigos que usar terrenos como condição de vitória é um ângulo de ataque bastante potente, que muitos decks não conseguem interagir adequadamente (Valakut, the Molten Pinnacle que o diga!), e eu aguardo ansiosamente pelos espirítos deckbuilders mais aventureiros que tentarem refinar uma lista. Acredito que o caminho seja o mesmo que dos decks reanimators: montar um deck que seja funcional sem o "combo", apresentando um plano de jogo factível em relação ao que o restante do formato está fazendo, mas que na primeira oportunidade consiga empregar um "modo combo" pegando o oponente sem que ele consiga se defender.

 

Por fim, outros cards mais "simples" podem trazer upgrades aos arquétipos já existentes. Scorch Spitter e Ember Hauler podem se encaixar no Mono Red, Marauding Raptor e Uncaged Fury têm grandes chances de jogarem nos Gruul porradeiros da vida, Mu Yanling, Sky Dancer, provavelmente encontre seu lugar como mais um dos poderosos planeswalkers de três manas nos decks azuis, e outros cards "utility" como Flame Sweep, Disfigure, Drawn from Dreams, Disenchant e similares acabem se encaixando nos principais decks em alguma quantidade.
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E quanto a vocês, leitores, quais as novidades que esperam de M20 para o formato? Alguma carta ou estratégia nova que possa se formas que vocês tenham em mente? Quais os arquétipos pré-M20 que podem receber upgrades significativos? Deixem suas opiniões nos comentários!

Abraços e até a próxima!