Jogar um Pro Tour sempre foi um objetivo meu, foram muitos anos tentando chegar à esse torneio (nesse meio termo ele inclusive mudou de nome mais de uma vez), mas era aquela luz lá na frente que eu sempre perseguia. Por vezes, parecia que eu estava naquela armadilha de uma cenoura presa em uma vara e eu perseguindo algo que nunca poderia alcançar. No entanto, grindar uma vaga tem, em muitas vezes, ligação com persistir, acima de tudo.
Eu peguei minha vaga para o Regional Players Tour fazendo top4 no Magic Fest São do ano passado (como você pode ler neste report.
Brinquei com alguns amigos que eu só peguei a vaga porque usava uma série de cartas banidas, Oko, Ladrao de Coroas, Era Uma Vez e Veu do Verao (ok, eles seriam banidos um dia depois). Essas cartas foram importantes no meu resultado, mas acima de tudo, foi um amadurecimento de conseguir me preparar da melhor maneira possível, encontrar o melhor deck e saber performá-lo de maneira satisfatória, isso é o que mais aprendi com o GP. Meu objetivo para os meus próximos torneios seria justamente repetir esse processo, usar meu tempo da melhor maneira, e principalmente, focar no baralho certo.
Eu tenho uma séria falha na minha preparação para eventos que é a escolha de decks, eu tendo a fazer um overthinking e ficar mudando de deck ene vezes em cima da hora. Isso é péssimo, Magic é um jogo complexo e jogar da melhor maneira possível passa por repetir processor, quanto mais tempo eu passo correndo atrás de um bom posicionamento, mais tempo eu perco de maximizar o que sei sobre o baralho em si. No caso do MF, eu confesso que o Sultai Sacrifice caiu no meu colo dois dias antes do evento, mas antes disso eu estava treinando um número absurdo de horas com o Sultai midrange, todas as cartas em comuns do dois decks eu sabia usar e meu espaço de conhecimento que precisava ser adicionado era pequeno. O mais importante foram as semanas jogando repetidas vezes diversas match ups, até decorá--las.
Para o RPT eu queria repetir esse processo, mas com alguns desafios. O evento tem dois formatos, Draft e Pioneer, ambos que eu precisava jogar o máximo possível e que ainda precisavam ser explorados, não era um formato definido, onde era fácil achar o melhor deck e assim aperfeiçoá-lo, aqui era necessário começar tudo do zero. Felizmente com o Magic Online eu poderia ficar em cima do Pioneer o máximo possível, acompanhando cada evolução semanal do formato.
Eu diria que a Wizards acertou nos bans do Pioneer, no geral eu concordei com todos e principalmente concordei muito quando resolveram não banir mais nada, esse tempo de estabilidade fez o metagame começar a se desenvolver de maneira orgânica. Após Oko, Ladrão de Coroas deixar o formato, Mono Black aggro era o grande deck, mas tínhamos uma janela para novos midranges também aparecerem, além de que Nexus of Fate banido deixava mais combos abertos. Chunky Red foi o grande vencedor desse processo, ele se popularizou com o americano Todd Anderson e rapidamente se tornou um dos decks mais populares do formato, sua match versus Mono Black Aggro não era ruim, e a match versus outros decks era aceitável, de fato, ele se tornou para mim o melhor deck do formato e escolha óbvia para o RPT, tanto que cheguei a escrever sobre ele
Chunky Red tinha uma coisa extremamente importante para seu sucesso no formato, as melhores remoções possíveis. Wild Slash, Lightning Strike e Glorybringer pegavam toda a curva de criaturas que dominavam o metagame, em um mundo onde Fatal Push é difícil de ativar, Lightning Strike mata uma quantidade absurda de cartas e é a real “remoção flexível”; isso, aliado a um clock com Goblin Rabblemaster, fazia o deck incrivelmente forte quando dominava a mesa na transição do turno 2 para o turno 3.
Porém, o metagame estava se desenvolvendo e nesse mundo monocolorido de Mono Black, Chunky Red e Green Devotion/Green Ramp, um deck começou a se destacar, o 5C Bring to Niv. Com uma proposta midrange que tinha uma explosão de card advantage graças ao Niv- Mizzet Reborn, esse deck começou a usar pequenas silver bullets para abordar o metagame, e principalmente, punir o Chunky Red. O que acontece é que todas as lindas “remoções” do Red eram inúteis contra o 5C, de fato, ou ele se tornava um RDW e rushava o oponente, ou perdia na briga de valor. Uro, Tita da Ira da Natureza é um exemplo de como o 5C bate o Chunky Red, você ganha vida, card advantage e rampa, ou seja, ganha de um a dois turnos em cima do oponente com apenas uma carta, e esse é o cenário que vai se apresentando antes do RPT, um mundo Outro ponto importante é o UB Inverter, que falei aqui link, o deck começou como meme e foi um dos grandes baralhos do RPT Nagoya, as primeiras listas eram toscas de certo modo, mas ele chegou no que considero o ideal e afirmo sem sombra de dúvida que minha falha na preparação foi não testar esse deck. O potencial de Twin dele puniu muita gente e isso é maravilhoso em um formato tão aberto.
Na semana anterior ao evento eu me via com três opções, Mono Black Aggro, Red Deck Wins e 5c Bring to Niv. O Mono Black é até hoje um deck seguro, Thoughtseize é insano e o clock do deck é forte demais, além de que Rankle, Mestre das Peças é um monstro. Red Deck renasceu no fim de semana anterior ao evento, uma lista mais rápida e que punia seus oponentes de uma maneira brutal, pela primeira vez Red batia 5C e isso me animava. Sobre o 5C, me parecia que todo o ambiente tinha aprendido a bater esse e, sendo bem sincero, fico feliz de não ter jogado com este deck, se confirmou um metagame realmente ruim para ele e PV mais uma vez se mostrou o melhor de todos os tempos por ter ido bem com o baralho.
Estas são as listas que eu teria usado:
| Criaturas (25) | ||||
| 4 | Campeão Banhado em Sangue | 0,208,6133,51 | ||
| 4 | Cavaleiro da Legião de Ébano | 4,208,4619,98 | ||
| 4 | Errante Medonho | 0,684,8012,60 | ||
| 4 | Parasita de Sucata | 0,101,423,99 | ||
| 4 | Ginete Homicida // Fim Célere | 1,997,8434,90 | ||
| 2 | Prole do Pandemônio | 5,009,1617,99 | ||
| 3 | Rankle, Mestre das Peças | 4,5013,87114,55 | ||
| Mágicas (11) | ||||
| 4 | Capturar Pensamento | 64,90292,661.998,50 | ||
| 4 | Empurrão Fatal | 5,6017,81199,99 | ||
| 1 | Garra de Escuridão | 0,080,583,75 | ||
| 2 | Preço Final | 0,031,3324,94 | ||
| Terrenos (24) | ||||
| 4 | Castelo de Locthwain | 9,9919,5162,40 | ||
| 4 | Caverna Mutável | 33,1676,92229,99 | ||
| 15 | Pântano | 0,000,000,00 | ||
| 1 | Urborg, Tumba de Yawgmoth | 99,99190,68249,99 | ||
| 60 cards total | ||||
| Sideboard (15) | ||||
| 3 | Coagir | 0,0515,61800,00 | ||
| 3 | Ferida Autoinfligida | 0,080,632,99 | ||
| 2 | Remorso Agonizante | 0,080,9710,00 | ||
| 2 | Segadeira da Eteresfera | 0,341,705,00 | ||
| 2 | Kalitas, Traidor de Ghet | 37,9580,45149,89 | ||
| 3 | Linha de Força do Vácuo | 19,9938,05153,00 | ||
| Criaturas (17) | ||||
| 4 | Cariátide Silvestre | 12,3530,5576,00 | ||
| 4 | Druida do Paraíso | 0,451,654,50 | ||
| 3 | Uro, Titã da Ira da Natureza | 52,3283,02239,00 | ||
| 1 | Rinoceronte de Cerco | 0,215,2349,00 | ||
| 1 | Tomadora de Reféns | 0,918,9029,99 | ||
| 4 | Niv-Mizzet Renascido | 5,1833,26179,95 | ||
| Planeswalkers (5) | ||||
| 4 | Teferi, Manipulador do Tempo | 56,4987,85407,47 | ||
| 1 | Nahiri, a Anunciadora | 2,4833,67224,00 | ||
| Mágicas (11) | ||||
| 2 | Denegeração Abrupta | 6,8018,4186,35 | ||
| 1 | Ego à Deriva | 0,963,167,99 | ||
| 1 | Cortar // Pedaços | // | 1,105,098,99 | |
| 1 | Fim Absoluto | 0,444,8819,99 | ||
| 1 | Veredito Supremo | 15,9940,09119,95 | ||
| 4 | Trazer à Luz | 0,506,3229,75 | ||
| 1 | Descoberta // Desarticulação | // | 0,201,383,99 | |
| Terrenos (27) | ||||
| 2 | Canal dos Espigões | 37,0061,65159,99 | ||
| 2 | Cidadela da Estepe Arenosa | 0,492,8517,94 | ||
| 2 | Confluência de Mana | 79,90150,55864,99 | ||
| 1 | Floresta | 0,000,000,00 | ||
| 1 | Ilha | 0,000,000,00 | ||
| 2 | Jardim do Templo | 31,99144,912.199,90 | ||
| 1 | Montanha | 0,000,000,00 | ||
| 1 | Pântano | 0,000,000,00 | ||
| 2 | Palácio Opulento | 0,251,464,49 | ||
| 4 | Passagem Fabulosa | 10,9527,10259,00 | ||
| 1 | Planície | 0,000,000,00 | ||
| 1 | Sacrário Ateísta | 27,00124,79750,00 | ||
| 3 | Santuário Botânico | 13,9030,6971,20 | ||
| 2 | Solo Pisoteado | 29,98108,41899,90 | ||
| 1 | Túmulo Aquático | 39,00180,91950,00 | ||
| 1 | Tumba Abandonada | 29,50151,992.999,90 | ||
| 60 cards total | ||||
| Sideboard (15) | ||||
| 1 | Amuleto Selesnya | 0,141,042,20 | ||
| 1 | Denegeração Abrupta | 6,8018,4186,35 | ||
| 4 | Descanse em Paz | 4,4619,57216,00 | ||
| 2 | Dissolução do Pensamento | 0,142,057,90 | ||
| 2 | Retorno de Rakdos | 1,003,507,75 | ||
| 1 | Clarim Ensurdecedor | 0,501,886,99 | ||
| 2 | Disputa Mística | 0,2526,17134,99 | ||
| 1 | Barão Sangrento de Vizkopa | 0,682,627,00 | ||
| 1 | Tolsimir, Amigo dos Lobos | 0,501,916,00 | ||
| Criaturas (27) | ||||
| 4 | Lança Veloz do Monastério | 1,044,23130,49 | ||
| 4 | Mago Escarificador de Almas | 4,2910,1959,75 | ||
| 4 | Abade da Fortaleza Keral | 0,246,6029,98 | ||
| 3 | Kari Zev, Incursora das Aeronaus | 0,662,685,00 | ||
| 4 | Gigante Esmaga-ossos // Pisar | 1,894,9135,10 | ||
| 4 | Goblin Lança-correntes | 1,693,979,99 | ||
| 4 | Torbran, Tano de Lapa Vermelha | 4,8910,4776,00 | ||
| Planeswalkers (1) | ||||
| 1 | Chandra, Chama da Rebeldia | 5,0046,55135,00 | ||
| Mágicas (8) | ||||
| 4 | Talho Selvagem | 0,231,748,00 | ||
| 4 | Golpe Relampejante | 0,050,6142,40 | ||
| Terrenos (24) | ||||
| 2 | Castelo de Brasoreth | 1,503,6420,04 | ||
| 1 | Caverna Mutável | 33,1676,92229,99 | ||
| 17 | Montanha | 0,000,000,00 | ||
| 4 | Ruínas de Ramunap | 0,503,7319,99 | ||
| 60 cards total | ||||
| Sideboard (15) | ||||
| 4 | Cripta de Tormod | 0,5019,96375,00 | ||
| 1 | Derrota de Chandra | 0,070,573,99 | ||
| 4 | Eidolon da Grande Festança | 24,8969,96214,92 | ||
| 3 | Frigir | 0,101,514,05 | ||
| 2 | Hélice de Lava | 0,091,3414,90 | ||
| 1 | Chandra, Chama da Rebeldia | 5,0046,55135,00 | ||
A primeira é do brasileiro Rastaf, eu acho que mudaria poucas cartas e ainda me parece a melhor possível. A de Mono Red foi a que usei no RPT, joguei algumas ligas com o deck um dia antes e velocidade e Goblin Chainwhirler era o que me faziam feliz em um metagame agressivo, que era o que eu esperava.
Novamente, meu erro foi ter subestimado o UB Inverter, uma match ruim para o Mono Red, já que falta interação do meu lado, e não ter notado como Uro, Tita da Ira da Natureza, simplesmente amassava o Red e foi uma das cartas que mais perdi, vendo meu oponente “rushar” a carta e criar uma parede intransponível. Cartas como Especialidade de Kari Zev seriam uma boa e até mesmo mais hates de cemitério, tudo para lockar esses dois problemas. Storm Lotus nem de longe foi um deck real e eu não precisava de tantos Eidolons e UW foi bem mais chato do que eu esperava, além de ser um deck que os europeus gostam muito e que enfrentei bastante.
Sobre o Draft, Preto é a cor mais interessante de THB e também é muito visada, ainda sim, ela consegue dar suporte para múltiplos decks em uma mesa e não fica tão defasada, como acontece com cores como Branco e Azul. Minha preparação passou por mais estudo do que realmente vários drafts, mas agradeço muitos ao amigo João Pinato por ter um twitter maravilhoso para discutir pools de drafts. Com o advento do Arena acabaram minhas desculpas para não treinar pelo menos um mínimo de Limited toda season.
Um 1-2 no Draft e 1-2 no Pioneer encurtaram bem minha participação no Players Tour e me levaram à jogar o Grand Prix Bruxelas, onde abri 6-2 e terminei em um melancólico 8-7, perdendo diversos jogos para Dream Trawler e Uro, Tita da Ira da Natureza.
E Além
Por mais que o resultado tenha sido ruim, e etc, tentar analisar um formato novo, ser a vanguarda em algo, estar no mesmo lugar que os melhores do mundo, tudo isso é maravilhoso e faz pensar quão incrível alguns caras são, como eles conseguem estar sempre no topo em uma situação tão desafiadora. Não vou mentir, existem ene falhas no Regional Players Tour, mas pretendo falar sobre isso em um texto apenas dedicado à tal assunto, por hora, é lembrar que o Grind é como a Revolução, ele só termina com a vitória.
Até mais!
Ruda
