Fala galera, tudo certo?
E por fim, depois de uma longa espera estamos trazendo a sequência o nosso artigo sobre deckbuilding, baseado no livro “Next Level Deckbuilding”, escrito por Patrick Chapin, que tem como objetivo colocar em prática os conceitos presentes na obra.
Porém, como nem tudo são flores, resolvi adotar um desafio extra, utilizando uma combinação de cores que é menos comum dentro da realidade competitiva: O Orzhov.
Pra quem já nos acompanha, sabe que no artigo anterior trouxemos o Lurrus para ilustrar o chamado “Bottom Up”, que consiste em estruturar seu deck a partir da estratégia principal até eventualmente chegar à escolha do general, e você pode encontra-lo clicando Aqui.
E hoje trataremos do conceito inverso, chamado de “Top Down”, que é o ato de construir o deck de cima para baixo, começando pela escolha do general e partindo para a estratégia.
Geralmente esse tipo de prática nos limita muito, já que você depende de uma criatura que irá ser o coração do deck, mas em contrapartida pode gerar decks muito fortes.
Dada a introdução, vamos ao que interessa.
- A escolha do comandante
Nesse caso específico resolvi trabalhar com esse comandante por conta de pedidos nos comentários, e pela nostalgia de estar estruturando um commander com uma das minhas pet cards.
Mas é de suma importância sempre saber ponderar na hora de escolher o seu, já que nem todas as criaturas lendárias oferecem bom desempenho na prática, e podemos fazer essa filtragem analisando alguns pontos:
* O custo de mana deve ser de preferência baixo, pois a ideia é manter seu comandante na mesa para dar andamento a sua estratégia.
Obviamente que existem exceções, onde ele é sua peça de combo principal e tem um custo alto. Mas nesse caso ele deve oferecer mais resiliência, te dando uma vantagem muito acima de seu custo, como é o caso de Godo, Bandit Warlord e The Gitrog Monster, que na maior parte das vezes conseguem garantir uma entrada explosiva.
* Outro ponto importante é o custo efeito do card, como foi dito acima.
Ao contrário dos chamados “sinkers” que estão na command zone apenas para complementar a estratégia depois de concretizada, queremos nesse caso comandantes que estejam presentes durante o desenvolvimento dela.
*Geralmente as cores importam bastante, já que é necessário acomodar uma alta densidade de tutores e/ou cartas com capacidade responsiva.
Infelizmente no Orzhov não temos muitas interações, com exceção dos removals, então precisamos manter além dos tutores, formas de "recursionar" peças dos combos.
Tendo tudo isso em mente, podemos prosseguir para o próximo tópico.
- A escolha do combo
Agora que seu comandante foi escolhido, precisamos de um combo que aproveite de sua habilidade de forma eficiente, sem gastar muitos recursos, e que permita uma possível vitória.
No caso da Teysa, iremos explorar seu segundo efeito, que cria uma ficha de criatura branca 1/1 quando uma criatura preta morre, abrindo brecha para loops.
Para esse combo iremos utilizar duas cartas com efeitos semelhantes que mudam a cor de suas permanentes, fazendo com que todas as fichas criadas sejam pretas, se repondo.
Essas cartas são Darkest Hour e Painter's Servant.
Ambas podem ser tutoradas facilmente nessas cores, tanto pelos tutores pretos quanto os brancos que procuram por encantamentos/artefatos.
E é muito importante que mesmo em versões budget, a densidade de cartas que buscam em seu deck seja consideravelmente grande.
E para aproveitar a utilidade desses tutores, e conseguir iniciar efetivamente o combo, precisamos de sac outlets para causar os primeiros triggers de morte.
Nossas principais opções são criaturas como Carrion Feeder e Viscera Seer, além de artefatos como Phyrexian Altar, Altar of Dementia.
Todos esses utilitários também são ótimas peças para prosseguimento no gameplay, podendo gerar vantagem num jogo um pouco mais lento que o orzhov consegue proporcionar através do seu medium control.
Além do mais, alguns deles como altar da demência, consegue encher seu cemitério com certa facilidade, encurtando o caminho para encontrar aquela carta desejada.
Agora com o a comandante e o combo definido, precisamos de uma forma de finalizar o jogo a partir daí.
Como utilizaremos uma estratégia baseada em mortes de criaturas, a forma mais viável de tirar proveito do jogo é utilizando cartas que punem os jogadores através desses trigger, sendo os mais conhecidos nosso querido Zulaport Cutthroat e o artista de sangue, que drenam vida dos oponentes quando criaturas morrem.
Apesar de parecer simples, muitas vezes pilotando esse deck nos veremos em situações onde estamos combados mas sem acesso aos finishers, o que te faz virar uma ameaça para o resto da mesa.
Por esse motivo, além dos dois citados, também teremos a presença de outras criaturas que se aproveitam de triggers de morte para um jogo mais lento, principalmente se considerarmos o meta atual.
Durante os testes com o deck resolvi considerar a adição de Pitiless Plunderer e Smothering Abomination, pois em ambos os casos temos uma vantagem que pode ser muito perigosa ao oponente.
De um lado temos aceleração de mana, que é muito útil em decks que carecem de dorks e interações diretas com mana rocks, e do outro lado uma criatura que te fornece card advantage através de draws, e que por si só consegue fornecer uma compra extra na upkeep.
E depois de um tempo analisando sobre os custos de mana que o deck possuía, resolvi explorar mais o conceito de reanimate, adicionando à lista os dois grandes demônios Razaketh, the Foulblooded e Vilis, Broker of Blood, para que conseguíssemos ter grandes ameaças com um baixo custo e efeitos extremamente fortes.
Na lista final, devido a forte presença de stax no meta brasileiro onde costumamos testar, acabei mantendo também a Elesh Norn, Grand Cenobite, que ajuda a lidar com as principais ameaças atuais, alem de fazer com que os espíritos criados pela comandante sirvam como beaters em matches que trazem muitos farms.
Mas para que isso funcione como imaginamos, é de suma importância incluir no deck além de todos os bons reanimates, também o pacote de “entombs”, que são mágicas alimentam seu cemitério de forma direta como Buried Alive, ou indiretamente como Ransack the Lab.
Também não podemos esquecer que quando utilizamos Reanimate com essa densidade de criaturas, há uma enorme chance de que elas venham em sua mão, atrapalhando o andamento do jogo, se tornando um carta morta.
Por isso também precisamos de bons descartes para contornar esse problema, como por exemplo nosso velho conhecido Body Snatcher.
Dessa forma iremos ter cartas à disposição na mão e no cemitério, aumentando a disponibilidade de recursos.
Mas também é bom lembrar que Necromancy é uma carta popular, e que muitas vezes pode ser usada contra você, além de todo arsenal de Grave hate disponível no commander, que muitas vezes pode ser frustrante.
Mas como nem só de Mill vive o homem, precisamos de fontes de draw contínuas ou massivas para que o deck mantenha sempre um “gás”, e não te deixe sofrer com a escassez de recursos.
Por sorte dessa vez estamos nas cores certas, tendo disponível inúmeras formas de manter uma produção constante de card advantage, seja através de encantamentos como Necropotence e Phyrexian Arena, ou de criaturas como Dark Confidant e Tymna the Weaver, que podem ser facilmente acessadas.
E como sempre reforçamos, se o seu deck precisa de tempo para respirar durante a partida, a melhor forma de avançar no jogo é desacelerando seus oponentes, o que nos permite incluir peças como Stony Silence, Aven Mindcensor, entre outras.
E por fim, é sempre interessante tentar encontrar formas de colocar um plano B sem agredir sua linha principal, e aproveitando a forte presença de reanimates, e também a já inclusão dos finishers no combo, resolvi incluir uma linha alternativa com Leonin Relic-Warder, o famoso “Gato de Shcrodinger”.
Além de ser facilmente enviado ao cemitério, ele pode se aproveitar facilmente de qualquer um dos encantamentos de reanimate que já estão presentes, sem necessitar nenhuma adição específica.
Então agora deixo com vocês a lista que alcançamos nesse processo, e logo depois algumas considerações pessoais.
Algumas Considerações
Apesar de ter sido uma ótima experiência trabalhar nessa lista, e apesar de ser uma comandante pela qual eu possuo um certo carinho, infelizmente estamos lidando com uma lista com um potencial bem mediano.
Uma das coisas que mais me incomodou durante o tempo que a utilizei foi a enorme dificuldade em lidar e responder turnos dos oponentes, te tornando na maioria esmagadora das vezes apenas um espectador.
Outro fator incomôdo é que o deck demanda um set-up relativamente complexo, que muitas vezes desperta seus oponentes, que percebem quando você está prestes a fazer algo relevante, e isso os deixa preparados, muitas das vezes dificultando seu objetivo.
Talvez reestruturá-la se baseando numa estratégia de farm seja a forma mais conveniente, mas depois de ter trazido recentemente um deck com essa mesma linha, decidi partir para um midrange, que deixa lacunas e defeitos expostos na lista.
Por outro lado, é um deck muito divertido e interessante de se pilotar, que quando funciona te deixa muito grato.
Ele também pode ser uma ótima opção para quem procura um deck para mesas que estão numa transição de Power level, do semi-competitivo para o cEDH, já que é uma lista barata em essência.
E por favor. Sejamos realistas.
Se você quer diminuir o seu budget, podemos facilmente cortar valor dos terrenos e cartas com valores astronômicos, como imperial Seal.
Estamos falando sobre deckbuilding e como tirar proveito, escolher cartas a dedo para compor uma lista eficiente. Então reclamar do preço do deck nos comentários, e ofender através de um meio onde deveria ser usado para comunicação, não muda e nem agrega em nada.
Então peço a vocês, que exercitem sua deckbuilding e sejam sensatos na hora de interagir com outros jogadores.
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E aqui encerro mais esse artigo, que apesar da demora acabou saindo.
Agradeço a todos que acompanharam até aqui, e que gostaram do conteúdo.
Se você tem alguma dúvida, sugestão ou opinião, deixe nos comentários para que possamos sempre melhorar.
Mas se lembrem de usar esse espaço com maturidade e sensatez, sem ofender os demais e respeitando o espaço do próximo.
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Um grande abraço e até a próxima!
Gostei do seu feedback sobre esse deck ai, eu to gosto muito do meu deck da Teysa Karlov, mas eh claro que ele eh casual, mas eu tenho a Orzhov Scion tb e estava pensando de dar umas modificadas nele pra ele ficar numa pegada mais forte , voce teria alguma lista sua pra compartilhar? Valeu amigo.
Outra coisa que me incomoda um pouco dos seus artigos e decks (Isso não é uma crítica, é só um sentimento que tenho lendo e vendo as listas) é o fato de você sempre querer enfiar as "staples" em todos os decks. Orzhov é uma cor muito rica em interações, vc matar espaço de cartas importantes pra sempre colocar tymna, principalmente num deck que não ataca, é um slot perdido. Por exemplo um Grand Abolisher é MUITO mais interessante pro deck. Posso citar algumas outras coisas, mas acho que a ideia já dá pra entender: Querer meter carta staple pra os tier 1 em todos os outros decks pode ser um erro.
De qualquer forma obrigado por trazer a minha lindinha Teysinha.