Hoje é um novo dia, de um novo tempo, que começou…

 

Se você está ouvindo isso, é a trombeta do fim de ano, o arauto da despedida de 2021, o último chamado do trem. 

 

2021 foi bem difícil para todos nós. Todo mundo tem anos bons e ruins. Mas esse foi complicado para todos. Viver fatos históricos costuma ser bem pesado para os envolvidos e adivinha, vivemos uma pandemia mundial que com certeza nos fez discutir muito sobre como convivemos, como lidamos com problemas e ene outras questões profundas da nossa humanidade.

 

Magic esteve nessa discussão também. Eu confesso que fiquei um bom tempo nessa pandemia revendo minha relação com o jogo, não como produtor de conteúdo e/ou jogador, mas como alguém que gosta de jogar Magic. A minha conclusão foi que eu gosto mesmo de jogar isso. Não é questão só de gathering, é saudade de jogar com cartas físicas, embaralhar cartas, olhar na cara da pessoa enquanto pensa na jogada. Eu realmente senti falta dessas coisas e saber que eu gosto de jogar, acima de tudo, acabou sendo uma informação nova e que vou levar para várias decisões da minha vida. Entender a relação que tenho com o Magic, seja a profissional, seja a pessoal foi um dos grandes ganhos que tive nessa época tão difícil.

 

A ideia deste texto justamente veio de analisar durante todo este ano a relação com o Magic, claro que dando um viés de decks e etc, mas ainda sim, é um convite a colocar em perspectiva como foi esse ano jogando, seja online, seja esse finalzinho com o jogo físico.

 

Kaldheim

 

O ano começou pra mim com essa edição que trouxe uma das cartas que mais gosto de usar, o Dragao da Ponte Dourada. 

 

Nessa época o Gruul ainda era o deck que eu mais gostava e o Dragao da Ponte Dourada foi uma adição instantânea para o baralho, criar vantagem de tempo com mana extra era (e ainda é) bom demais e esse baralho me marcou muito, aquela curva com token de bela, Elemental das Queimadas, Fera Apaixonada // Desejo do Coracao, Fera das Demandas, Dragao da Ponte Dourada e Brasolamina, tempos mais simples 

 

 

Inclusive foi essa estratégia, junto com o Naya Showdown, que me deram vaga para o Kaldheim Championship, o equivalente ao antigo Pro Tour, via qualifier do Arena, uma experiência que foi bem legal, streamar um “PTQ” está entre as coisas mais legais que fiz.

 

Kaldheim trouxe de volta a temática  de neve, inclusive com uma das cartas mais usadas no Standard atual, Refugio sem Rosto. Outro destaque da edição é a mecânica de Profetizar, bem presente hoje no T2 e que trouxe Epifania de Alrund. 

 

Epifania merece uma discussão à parte. Recentemente a carta foi o centro de uma longa discussão de ban e inclusive o Kaies abordou de forma brilhante o assunto em uma transmissão da Liga. As pessoas odeiam jogar contra turnos extras, é uma das mecânicas que gera mais frustração em um jogador, tal qual ser anulado ou perder seus terrenos. E nos últimos tempos tem aparecido muito esse tipo de efeito, seja com Nexus of Fate, seja com Distorcao Temporal. Para piorar, Epifania de Alrund é um bom turno extra, porque evita a situação onde ele se assemelha a um Explorar, rendendo apenas mais um draw e um terreno, com as fichas 1/1 você desenvolve de alguma maneira a board, o que dependendo da situação pode gerar de um até dois turnos extras de vantagem e quando lembramos que a carta normalmente vai em controles e combos, é muito tempo adquirido com um único card. Eu costumo ser contra banimentos e nesse caso defendo que é mais uma questão do quão frustrante é jogar contra a carta do que realmente um efeito que engessa o formato, mas é real que enquanto esta carta estiver por aí, ainda vamos ouvir muita reclamação sobre ela.

 

Strixhaven

 

Serei sincero, o que mais me marcou nesta edição foi o quanto as pessoas não valorizaram ela, o que não me surpreende, já que é uma edição próxima a rotação, então entrou em um formato com decks já estabelecidos, sendo que Eldraine ainda era válida, uma edição de power level bem alto. Mas ainda sim, pouca valorização de uma série que tem Iteracao Expressiva, para mim, uma das melhores cartas dos últimos anos.

 

 

Pós rotação Strixhaven começou a jogar bem e hoje em dia Dividir por Zero é uma das cartas mais presentes no formato, puxando a fila de várias Lições no sideboard.

 

Outro destaque legal de Strixhaven é que tivemos o lançamento da carta do nosso campeão mundial, Paulo Vitor Damo da Rosa, Magilacador de Elite, uma carta que foi incluída em toda estratégia branca e agressiva e que deve jogar ainda por muito tempo, sendo uma ótima recomendação de compra para a sua coleção, seja para ter um staple, seja para pedir aquele autógrafo em um futuro evento presencial.

 

Modern Horizons 2

 

Aqui dou uma breve pausa nas edições Standard para falar desse que foi um terremoto no Modern. Em Modern Horizons 1 já tínhamos aprendido que aquele papo de “vou montar um deck Modern e nunca mais gastar” tinha acabado, o impacto dessa primeira edição foi gigante, mas ter sido amplamente vendida ajudou a minimizar um efeito que Modern Horizons 2 teve muito que foram os preços. Boa parte das reclamações que vejo sobre MH2 é sobre seus preços estratosféricos, além é claro do fato de termos começado com impactos menores, como Canalizadora da Ira do Dragao e Saga de Urza e termos chegado a um ponto onde basicamente todos os baralhos são tribais da nova edição, o que é bizarro em um formato grande. 

 

 

Modern Horizons 2 foi uma das edições mais impactantes que já vi e é meio assustador pensar que quase qualquer atualização de deck que dependa dela (vulgo, você precisa fazer para se manter competitivo) custará por volta de R$2.000 é um baque e pior ainda é saber que isso deve se repetir várias e várias vezes ainda.

 

Pensando no design, MH2 traz o começo do snowball do formato para os turnos 1 e 2, o que já era uma tendência dos últimos. Para coroar, cartas que podem ser feitas “de graça’, acompanhando essa curva ais baixa do formato, forçando arquétipos que gerem mais card advantage para compensar a perda ao fazer “pitch”.

 

 

Adventures in the Forgotten Realms

 

Sou um cara competitivo, então não é tão normal na minha bolha chegarem comentários sobre Lore e pedindo que determinado personagem esteja em uma carta, ou mesmo que a carta não faz jus a o que o personagem representa. Mas em Adventures in the Forgotten Realms isso aconteceu bastante. A edição baseada em D&D trouxe todo esse universo para discussões de cartas e vou admitir que foi muito legal saber sobre todos esses personagens, fazia um bom tempo desde a última vez que eu tinha tido contato com RPG (que curiosamente ficou bem popular com as lives na twitch) e ver de novo essa ambientação foi bem nostálgico.

 

Para o Standard, Adventures in the Forgotten Realms trouxe opções para algumas que seriam estratégias dominantes no formato, incluindo Classe: Guardiao e Lider de Matilha de Lobisomens, ambas do atual Mono Green e que jogam também em outros formatos.

 

 

O que mais me marcou nessa edição em cartas nem foi sobre o Standard, mas sim sobre o impacto para quem gosta de jogar com artefatos. Buraco Portatil, O Buraco Negro de Águas Profundas e Ferreira Engenhosa foram grandes cartas de D&D e trouxeram para o topo o Izzet Teosura, do Pionner, dando agora uma cara nova ao baralho, que ganhou bem mais consistência.

 

 

Lembrando que Ferreira Engenhosa foi auto include em todo deck com artefatos, jogando vários formatos, já que a carta consegue dar consistência, gerando card advantage e é um plano B bem razoável, crescendo rápido.